Sunday, July 02, 2006

Saiam já da piscina

Uma coisa que eu não entendo é essa mania de colocar dance music nas aulas de hidromassagem para pessoas idosas.

No lugar onde eu nado semanalmente há duas piscinas: Uma maior, que eu uso, e outra menor em que eu sempre vejo um grupo de 6, 7 anciãos mais um professor mexendo os braços ao som de algum hit do anos 90. Não tenho nada contra os anos 90, foram anos de uma euforia irresponsável. Mas numa piscina com espaguetes na mão, dançando Kool and The Gang, não era o lugar ideal que eu me imaginaria daqui uns 50 anos.
A minha idéia de uma pessoa velha, pode ser antiga, mas é aquela inspirada no meu avô, de ela ter lá a sua sabedoria e sempre estar contando alguma história a alguém mais jovem, com um humor implacável. Os jovens aprendem muito, quase sem querer, com o contato com pessoas mais velhas. Elas são fontes de bons e maus exepmlos ambulantes, sendo quase de graça conseguir essas informações.
Entretanto, há em curso uma mudança significativa dos costumes da sociedade. Esse contato vem diminuindo em razão de uma fé cada vez mais latente no dinamismo e na força da juventude (desde o século XX). Isso dos dois lados: os jovens procuram descartar os ensinamentos dos velhos pois eles são considerados obsoletos e caracterizam uma postura de aversão ao risco ( empresas que selecionam cada vez mais altos dirigentes muito jovens) e os velhos, que auto-excluem seus aprendizados em favor de uma sabedoria imediata, fexível e sintonizada com as exigências do mercado e dos meios de comunicação. A hidromassagem entra muito nessa parte pois ela começou a se popularizar devido a uma recente onda de "vida saudável", nacisismo, e de afinal aproveitar "a melhor idade" em vez de ficar em casa "parado", sem gastar a aposentadoria.
Muitos estão atraídos por essa idéia. Muitos ouvem a música dance e a acompanham (e talvez por isso essas músicas sejam usadas) como uma oportunidade de se alinharem com a juventude.

Mas isso também não quer dizer que eles percam aquela outra postura comum que se adquire coma velhice: aquela de não se impressionar com mais nada, de nada mais te deslumbrar. Por isso a expressão daqueles anciãos em exercício aeróbico é tão parada. "Estou no meio da água, com uma roupa de banho que no meu tempo seria considerada atentado ao pudor, dançando uma música constrangedora, em que não posso tirar ninguém para dançar propriamente, com espaguetes, bolas gigantes, boias terapêuticas na mão, e não estou nem aí" . Eles não mudaram,(pois o ser humano não muda). Entretanto, agora, tomando essa postura num lugar totalmente diferente e sufocante, perderam sua função primordial: esclarecer os mais jovens sobre a estupidez da vida.

Esta é a questão que nos é colocada: Até mesmo os velhos, conservadores quase que por natureza, tentam se adaptar numa sociedade flexível, imediata e ensurdecedora. A sociedade os recebeu como um mercado, e tratou de criar formas de fazê-los gastar suas aposentadorias. Sua conduta rabujenta continua, mas agora na aula moderna e saudável de hidromassagem. E enquanto fazem isso algum vácuo é deixado.
quem então há de contar histórias e dar exemplos às nossas crianças?

(faltam nesse texto algumas correções, desculpem a falta de tempo)

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