Sunday, July 02, 2006

Política 2.

Antes que comecem as especulações em vista do pleito presidencial, eu queria colocar uma coisa que eu acho essencial. O grosso dessa minha idéia foi publicada no jornal acadêmico da FEA-USP deste mês. Quem puder ler, confira.

O ponto especifico que eu quero tocar aqui diz respeito ao voto útil. Muito tem se especulado sobre ele devido aos últimos casos de corrupção. O voto útil é uma ferramenta que funciona mais ou menos assim: Você escolhe um candidato não por simpatia ou por afinidade ideológica, mas pq ele pode evitar que outro pior vença as eleições, ou que possa haver um outsider no jogo político, com a finalidade de botar medo nos coroneéis, tocar o caos nas expectativas deles. Ás vezes é algo não recomendável, pois é um raciocínio que poderia levar a votarmos no Maluf de vez em quando. No nosso contexto, no entanto, o voto útil é indispensável.

Vale avisar que voto útil é coisa pra maluco, pq em vez de votar em quem vc quer vc vota de acordo com uma suposta racionalidade.
O certo é votar em quem vc quer. Os políticos sabem disso, por isso se aproveitam da nossa previsibilidade. Eles, com razão, não confiam na hipótese de sermos lúcidos. Eles acham que nós somos marionetes deles. O voto útil existe para invertermos esta situação.

Muitos dizem que o voto útil é o voto nulo. Eu não concordo. O voto nulo é inútil por definição. Ele pode no máximo, preocupar políticos, mas para fazer eles sentirem a voz da população seria melhor eles sentissem uma divisão mais equitativa dos votos válidos.

Neste cenário o voto útil vem a ser a escolha de um candidato que vá acirrar a competição partidária e evitar conluio entre outros partidos, forçando a discutir as propostas e a mostrar resultados mais rapidamente nos governos.

. Hoje temos o PT e PSDB como opostos, algo absolutamente irreal. Alguns partidos ou vão para o lado do PT , ou do PSDB, mas o maior deles, PMDB, vai para o lado dos dois. Conclusão: os dois partidos "opostos" terminam com a mesma configuração de poder, porque ainda que mude um ou outro ministério, a base de poder de ambos explora as richas PMDBistas para poder governar, fazem comcessões ideológicas que tornam os dois partidos "opostos" muito menos diferentes do que se imagina. Ambos os partidos se utilizam da mesma estrutura de poder.

Democracia pressupões alternância de poder. Se não há alternância, é melhor revisarmos em quem estamos votando.
Por isso o voto útil tem que quebrar este ciclo que mantêm tal estrutura de poder, uma estrutura bastante ineficiente e degenerada. Temos, pois, que apoiar o projeto de autonomia do PMDB e o fortalecimento do PDT (e demais oposicionistas de esquerda). Uma candidatura diferente do Garotinho (que num segundo turno apoiaria lula e juntaria o PT ao PMDB, mantendo a velha estrutura), seria perfeita para um projeto alternativo de poder, só aí já teríamos três ( e a tendência seria cada um se delimitar mais e mais). Um candidato como Cristovam Buarque ou o senador Jefferson Perez (um dos melhores políticos da atualidade, na minha opinião) , do PDT, recebendo uma quantidade significativa de votos, obrigaria o partido governista a ficar de olho aberto em várias frentes, pois teria alguns tipos de oposição, muito dispostas a fiscalizar e criticar o governo, desta vez com a força que uma votação expressiva lhes dera simbolicamente.

Para haver pluralismo não basta haver uma oposição, tem de haver muitas oposições, e isso é que o voto útil pode nos dar: Um Pluripartidarismo efetivo.

Haveria, portanto, uma mudança significativa na estrutura de poder de um governo eleito. Um voto que a promovesse seria mais do que útil.

este texto merece algumas correções mais tarde.

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