Sunday, July 02, 2006

Como Satã se fantasia de Angência Bancária

Vendo minha indignação por R$4,50 mensais.

Finalmente tive a tardia obrigação de abrir minha primeira conta bancária. Não que antes eu guardasse o dinheiro embaixo do colchão. Na verdade, antes eu não tinha dinheiro, e como o dinheiro de certa forma define a existência, quando eu não tinha dinheiro, não havia antes, e portanto se não havia antes, que é o tempo que nos lembra se algo existiu ou não, tampouco havia colchão, cofrinho etc. Resumindo o bla bla bla introdutório cheguei no caixa do banco e vivi o seguinte diálogo:

- Bom dia
- gostaria de abrir uma conta
- trouxe os documentos?
- trouxe
- cadê?
- aqui
- gostaria de abrir uma conta universitária?
- é melhor que as comuns?
- sim, tem uma taxa menor
- taxa?
- é, taxa
- pô, quanto é essa taxa?
- na conta universitária?
- é
- R$4,50
- todo mês?
- sim
- po, mas eu vou ganhar 168 reais por mês
- são os custos de administração
- então o banco vai pegar 3% do que eu ganho todo mes?
- é.
- é tipo um dízimo né? hehe
- é
- sério?
- é
- po, mas o dizimo é 1% depois do concílio vaticano II
- não para essa igreja hehe
(a diferença entre deus e o demonio, o céu e o inferno, é de 2% a.m)
- vamos recaptular: o governo me dá uma bolsa para eu estudar e ter um bom desempenho acadêmico, ai 3% da ajuda do governo vai para o banco. em outras palavras, 3% de todo o investimento nacional em bolsas de estudo não tem nada a ver com bolsas de estudo.
- não sei, tenho que falar com o departamento jurídico.
- banco, advogado, taxas de administração, o que são vocês? Autarquia do Inferno?
- não sei senhor.
- senhor, ou Senhor? está falando comigo?
- com você mesmo
- Vou abrir mesmo assim. Mas olhe, estou muito indignado
- está tudo certo já
- olá
- ah, o senhor é advogado?
- não, é deus supremo e onipotente.
- eu já vou indo.
- Bom dia
- tá tá

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