Sunday, July 02, 2006

A Culpa de Não Ser Revolucionário

Vocês devem perceber ao lerem minhas besteiras aqui que meu estilo de escrever é até bastante comvencional. Convencional porque ele não vai além de uma certa lógica racional de escrever, isto é, eu não pretendo fazer aqui nada mais do que transmitir meus pensamentos para uma tela de computador. Escrever, para mim, sempre será um meio.

Não tomei uma posição estética, estilística ainda. Em alguns momentos, reconheço, bate uma certa culpa de não estar acompanhando uma suposta vanguarda, de não adotar os padrões correntes da literatura e da postura conhecida como transgressora.

Não vou dizer que não me aflige essa dura realidade. Não vou dizer que não seria muito cool saber escrever umas frases pós-modernas, descompromissadas e revolucionárias. Não vou dizer que não seria melhor eu demandar a destruição de tudo o que é "tradicional e bem estabelecido".

Às vezes eu até tento seguir esse paradigma, depois sinto-me ridículo.
É um olhar no espelho e se ver como alguns pseudo-transgressores dos anos sessenta, que depois viriam a moralmente virar a casaca.

"Como são uns caras de pau!", penso.
Eu não quero ser um cara de pau. Se minha velhice for bem perfumada com cheirinho de alfazema eu gostaria de pelo menos não danar essa vida de conforto, típica de um bunda-mole, para depois ficar me desdizendo com cara de idiota.

Creio sim ter alguma raiva cômica em estado embrionário (vide segunda parte do último post), contra a sociedade. Mas minha percepção do status quo é outra, diferente da usual. Não tenho raiva da Igreja, nem da autoridade, nem daqueles seres de espírito capitalista clássico (estrturas sólidas da realidade). Tenho raiva é de ouvir certas máximas de senso comum, como "temos que viver intensamente", "temos que viver cada momento", "não devemos nos arrepender de nada", "temos que mudar sempre" todos esses imperativos sobre o que deve ser e como se deve viver a vida, também me enraivece toda essa máscara que o mundo corporativo se coloca, essa coisa de fazer ioga e meditação budista depois de cortar 30% dos custos fixos da empresa, postura quase inversa da austeridade cruel (e repreensível) porém sincera dos antigos capitalistas. Em suma também, essa predisponibilidade geral para parasitar na sociedade. O stablishment é mais maleável do que imaginamos. Ele está nos pequenos detalhes irritantes da sociedade. É nisso que minha percepção se difere.

É triste ver que a transgressão vulgar não buscar romper os valores e posturas menos nobres e menos caracterizadoras do espírito humano. Ao contrário, elas contribuem para a sua afirmação. Então não é transgressão, é o contrário. Por vezes vejo martelarem numa mesma tecla, como se aquele assunto já não tivesse sido superado ou virado um algo estabelecido. É a forma mais perigosa de conservadorismo, quando ele se manifesta somente na forma de contestação.

Muitos podem estar vendo aqui um pedido de aos valores que o senso comum facilmente classificaria como conservadores, num raciocínio simples: "Se a contestação é conservadora, o conservador é a contestação. " No entanto, há um outro espaço além desses dois, no campo das idéias, que certamente já está reservado. Resta só saber se o futuro virá ou não.

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