Wednesday, December 13, 2006

Pausa Estratégica.

Paro de escrever por um tempo, quer dizer, parar nao paro porque ando sempre com meu caderno, mas viajarei na quinta-feira e as conexoes com a world wide web nao serão tao frequentes.

Pontuo algo um pouco engraçado: Ha um amigo meu que tem um blog tambem. [dizem por ai que blog esta na moda... os jornalistas sao inacreditáveis, pois tranformam um não-assunto em algo de extrema importancia]. Mas proseguindo, um amigo meu tem um blog ai que uma moça sempre comenta [o meu também tem, é a Anna Luisa]. Mas o dele, para encurtar a historia, parece que tem várias coisas escritas diretamente para essa moça, então os comentários sao uma espécie de dialogo dele com ela. Os comentários no blog, sao como posts no blog, ja que fazem parte da historia e sao longos, bem escritos, etc.

Acabou ficando legal. Eu sei que essa nem é a intençao. Porque eu tenho uma teoria que ninguem faz nada legal pensando em ser legal. Mas essa especie de dialogo franco contem elementos de alteridade.

Juntando com outro assunto, o John Lennon expressa na sua musica "God" a síntese do conflito do homem com a civilizaçao, ou da relação amorosa com a civilizaçao. Ele, desiludido por ter tentado "mudar" o mundo, confiado em certas ilusoes religiosas e civicas, ve que verdade e fe só podem existir nele e no seu grande amor. Ele diz: "Nao acredito em mágica (em hitler, em kennedy, em budha, so acredito em mim e em Yoko", entre outras coisas.

O casal passou grande parte de sua vida lutando para o fim da guerra do Vietna, e de certa forma passou ao mundo a imagem de uma relação de cumplicidade ideal, que inspira todas as relaçoes amorosas.

Eu creio que toda a questao gire em torno de se achar alguem para compartilhar de um mesmo projeto. John Lennon e Yoko bolaram milhares de estratagemas para aparecerem na midia com mensagens anti-guerra: ja ficaram presos numa cama por dias e etc. Eram manifestaçoes artisticas. Quando falo "projeto", falo de coisas feitas que exijam criaçao e sensibilidade, coisas tipicamente humanas, mas construidas a dois.

O caminho quase natural do homem, que envelhece e se frustra com o mundo que não muda, sofre, nessa aceitação de um projeto em dupla, uma interrupção. A frustraçao restringe-se ao mundo, mas nao ao individuo nem a parceira, que se mantem incolumes e felizes. A fuga é saudável por uma simples e clara razao: se isso nao acontece, o homem passa a mudar a si mesmo para se encaixar no mundo que criticou ou morre.

Creio que essa seja a saida para que os loucos continuem sendo loucos. Quando Lennon diz que hoje so acredita nele e em Yoko, acho que é isso que ele quer dizer.

Eu, humildemente, vou viajar. Se possível, passarei em Pasargada para ver como andam os negocios. Volto mais tranquilo, e com mais amores. A pausa pode servir para encontrar Yoko e ver como é que é.

Afinal,
"tudo é como é e assim é que é, E eu aceito, e nem agradeço"

Saturday, December 09, 2006

O Aumento das tarifas de transporte publico em SP

Para aqueles que acompanham esse debate gostaria de fazer uma reflexao; (No teclado de meu computador os acentos parecem nao funcionar corretamente, peço perdao desde já)

Aparentemente, o aumento (acima da inflaçao registrada desde o ultimo aumento) das tarifas de onibus e metro se justificaria por uma pressao nos custos das concessionárias de onibus e da empresa publica que administra o Metro, ou seja, as margens necessitariam ser recompostas para manter a sustentabilidade do sistema de transportes nas duas areas (realização de investimentos no futuro).
Alem dos tradicionais fatores que pressionam os custos para cima (eu diria a mais pura ineficiencia no caso das concessionárias de onibus, mas colocariamos ai tambem salarios, compra de novos onibus, aumento dos gastos com manutençao),* uma causa que tem sido bastante mencionada nos meios de comunicação e a implementação do bilhete unico.

Bem, como todos sabem, o bilhete unico permite que com o pagamento de uma unica passagem de onibus se possa fazer 3 viagens no prazo de uma hora e meia. Ainda permite, se pagar um pouco mais, fazer a integraçao com o metro.

A alegaçao é de que, e olhe que tirei isso do editorial do Estado de S. Paulo, o bilhete unico esta comprometendo os gastos da prefeitura, pois tem aumentado o valor de subsidios que ela da as empresas de transporte publico para que a tarifa mais baixa fosse mantida (a relaçao estabelecida e clara com as "viagens grátis" e gratuidades com deficientes e idosos que o bilhete garante aos cidadãos). Alem do mais, o bilhete unico havia aumentado o numero de usuarios do metro e do onibus, sobrecarregando o sistema. Assim, o grande avanço que foi o bilhete unico seria uma especie de "Herança Maldita" que agora a prefeitura tem que suportar.
Ora, sao duas informaçoes conflitantes: O aumento no numero de usuários não teria ajudado as concecionárias a aumentar a sua receita, e ainda que os subsidios continuassem ser necesarios eles teriam de ser menores?**(já que o sobrecarregamento do sistema indica que nenhum novo substancial investimento esteve sendo feito). O segundo ponto e que o metro em especial, se fosse receber subsidios o receberia do governo do Estado, e ainda assim o Metro nao recebe nenhum subsidio, segundo informação da propria empresa, num trabalho que minha classe de administraçao publica fez. Por ultimo, a maldição que caiu sobre a prefeitura parece ter caido sobre todas as prefeituras das grandes cidades medianamente civilizadas do mundo. Muito estranho.

Pode-se discutir se o aumento foi necessario, ou se poderia ter sido maior ou menor. Mas culpar um avanço na forma como se disponibiliza o transporte publico na cidade e uma estupidez.

Um outro ponto foi a sugestao de que a tarifa de metro, em vez de se igualar com a de onibus, aumentasse mais. O editorial arriscou dizer que o bilhete unico trouxera a superlotaçao dos onibus ao metro, que era o unico meio de transporte confortavel que tinha o paulistano. o aumento maior na tarifa do metro manteria a superlotação restrita aos onibus. Eu conclui que o editorial disse isso porque quem o escreveu pegava metro, e não onibus. Ora, "o onibus e a eficiencia do transporte publico como um todo que se dane, eu quero e o meu lugar para sentar no metro".

Os paulistanos tem uma terrivel mania de se orgulhar do metro e achar ele um transporte mais nobre que o onibus. "O metro de Sao Paulo e o mais moderno". É uma ova. Nao há ar condiocionado no verão nem bancos acolchoados como em qualquer metro de qualquer grande cidade latino-americana. A interpretaçao exagerada que tive foi que o editorialista queria mesmo era dar uma selecionada no publico do metro.

O metro é um transporte de massas. Tem que ser cheio mesmo, para poder levar todo mundo ao trabalho, nao ao parque. E só sera confortavel quando todos os investimentos nas linhas forem feitos, pois nossa cidade tem 11 milhoes de habitantes e o que existe é insuficiente. Impedir que o numero de usuários aumente é resolver o problema artificialmente e com mais exclusao, pois a demanda continua a existir. Se o onibus tem uma desvantagem competitiva e perde usuarios para o metro, que entao inove nas suas tecnicas de gestao para aumentar a qualidade do serviço, em vez de pedir proteçao (um aumento maior no metro protegeria as empresas de onibus).

Na minha opniao, a decisao do governador Lembo foi acertada, de manter o aumento para R$2,30 a despeito das reclamaçoes dos tecnicos e dos jornais, de que isso nao cubriria os custos. Tarifa de transporte publico e uma decisao meio politica e meio tecnica, para mim foi acertada porque foi ética, isto é, ele levou em consideraçao os pontos que eu coloquei.

Claudio Lembo me agrada.


* Vale dizer que contratos de concessao devem estabelecer uma margem de lucro para empresa recuperar os investimentos e que os reajustes sao previstos no contrato administrativo.
** A unica hipotese em que um aumento do numero de usuarios resultaria num aumento dos subsidios necessarios é quando os subsidios forem per capita. Pergunto: Porque as empresas precisam de um subsidio per capita? Os subsidios nao sao para ajudar na amortização dos investimentos? Por exemplo: Um onibus que transporta 5 pessoas na meia noite precisaria ter seus custos subsidiados (porque o custo da viagem e a amortização da compra do onibus e maior que a receita pode empatar), mas se em razao do sobrecarregamento ele passa a transportar 20, o subsidio nao deveria ser multiplicado por quatro, justamente por que a receita passa a cobrir os custos variaveis e fixos! O subsidio tem que ser diminuido!

Monday, December 04, 2006

Auto- Retrato + Declarações prontas para qualquer momento.

Sobre minha vida não tenho controle tampouco ausência de controle
Minha vida é separadamente do que sou e do que pode ser mudado
Ao mesmo tempo sou o que quero ser, e sou o limite do meu sonho
Já minha vida não, minha vida é um sangue adicional que se movimenta
Não me venham então com os limites da minha vida, porque isso é problema dela
E posto que ela está dentro de mim e não eu nela, sou eterno, arrogantemente eterno.

Fui muito repreendido por ser romântico, por ver a vida romanticamente
Gostaria de ser romanticamente repreendido por romantizar a repreensão

Declaração prática de amor

Veja, o amor de nós dois custa pouco. Está aí a justificativa econômica. Agora façamos como fazem hoje em dia depois de ouvirem a justificativa econômica: não perguntemos mais nada.

Declaração de amor para quem merece amor verdadeiro

Só uma merece amor verdadeiro. Foi aquela que ao beijá-la disse: “pronto, agora já quebramos o gelo”. Foi por isso que me apaixonei por ela.

Por isso que quando olho você penso em coisas maravilhosas, sensacionais. Quando não consegui distinguir meu sentimento meu do seu, soube que nunca mais seria o mesmo.

E o Amor ronda-nos aflito a esperar
O toque do sino de nosso reencontro
Para Ele poder festejar, triunfal
O que pensou que: pronto, não veria mais
Antes de morrer, de cair morto no chão:

A Aurora,

-E então-

Ele trará seu inato riso incontrolável
Aos Outros, ingratos, sentimentos menores
Que sempre o invejavam e diziam:
“Criança velha, caduca, imprestável!”

Mas por enquanto
Seu beijo se foi, junto com você
Eu fiquei com saudades

(Já disse para o Amor cuidar disso
Que é um problema, não?
Afinal é também interesse Dele
Restaurar seu respeito com os Outros)

E apenas espero junto com Ele em meu peito

*Se não convenci dizendo que isso é para o bem do Amor em geral e para bem geral do mundo (imagine um mundo sem amor), nem na justificativa econômica (esta foi só pela piada), que tal dizer apenas que eu quero você. - E nada além?

Wednesday, November 29, 2006

Desculpas Esfarrapadas

Uma vez esse ano nós atrasamos na entrega de um trabalho. Comigo isto é coisa incomum. Em vez de choramingar com o professor, não falei nada. Mantive a classe, porque indivíduo classudo é assim mesmo, e lhe entreguei uma carta explicando tudo. Funcionou. Os nomes foram omitidos por tratar-se de uma história fresca e real.

Justificativa/ Situação presente do Trabalho.

Caro Professor,

A não entrega das primeiras análises do trabalho pelo nosso grupo se deve a razões um tanto típicas e razões extraordinárias. A primeira dessas razões típicas é que nosso grupo iniciou seus movimentos tardiamente, o que prejudicou o tempo hábil necessário para convencer a organização a ceder o espaço para entrevista, sem que fosse necessário uma corrida atrás do tempo ou algum tipo de demonstração de desespero para com a empresa contatada.
O (***) ficou encarregado de fazer o contato, enquanto os outros tratariam de preparar a entrevista assim que ele fosse confirmado. Acontece que o tempo foi passando inexoravelmente e quando vimos, faltava uma semana para entregarmos a primeira parte. Podemos concluir daí uma outra razão típica: a não preocupação da maior parte dos integrantes do grupo com o andamento do trabalho acarretou numa despreocupação do grupo como um todo, embora em algumas ações individuais essa preocupação tivesse existido. O senhor, como professor de psicologia II deve entender isso melhor do que nós.
Mas logicamente, além dos problemas de ordem temporal na realização do contato e o salutar desinteresse dos integrantes, houve alguns imprevistos exógenos. Explicaremos a seguir:
Ao termos definido a empresa pública, ligamos ao nosso contato e já encontramos disponíveis as quatro pessoas de um mesmo departamento para fazer a entrevista. Todavia o que nós não podíamos adivinhar era que essas pessoas estariam envolvidas na campanha política de um mesmo candidato e nas duas últimas semanas não poderiam parar um só segundo. Nós, otimistas, olhamos isso como um bom sinal, já que poderíamos na entrevista detectar algo do trabalho de campanha misturado ao trabalho do cotidiano. Mas infelizmente foi isso que nos impossibilitou de chegar de fato a entrevistar essas pessoas, pela sua imensa falta de tempo disponível frente ao frenesi eleitoral.
Passado o infortúnio, precisávamos decidir se iríamos manter a idéia de entrevistar essas pessoas após o prazo-limite, ou se tentaríamos uma outra empresa. O (***) tinha umas sugestões, mas era muito próximo aos donos dessas empresas, foi aí que o (***) apareceu com a idéia de contatar uma empresa a qual ele soube que a Empresa Junior já tinha relações, e sabia ele que era uma empresa bastante aberta a esse tipo de iniciativa.
O único problema era que não era uma empresa de grande porte, na verdade, é uma farmácia, com um único dono, e que realmente se animou bastante com o fato do trabalho poder ser feito com seus funcionários. Optamos por ficar com o que é mais certo, além de uma empresa pequena oferecer diferentes percepções por parte dos funcionários em relação ao seu trabalho, e poder ser um local fértil para análises criativas baseadas no conteúdo estudado. Hoje já nos reunimos com o dono da farmácia, e parece que está correndo como o esperado. Pretendemos marcar para logo as entrevistas, e assim que terminarmos iremos entregar tudo bem analisado, bem estruturado e escrito, a fim de que acabemos com essa má impressão inicial, que é falsa, pois garantimos que o nosso trabalho será um dos melhores.
Esperamos dessa vez aprender com os erros e nos ajustar novamente aos estágios corretos de desenvolvimento do trabalho. Queira desculpar-nos.

Obrigado

Wednesday, November 22, 2006

I'm bitter.

You know, maybe in the 60's the use of drugs might have meant something. Today is the same as being consumist or sitting in the caught watching sunday TV shows. It is nothing. It simply doesn't impress me, it doesn't offend me or old people anymore, doens't challenge power or opression. So, for me there's no point. You support a criminal activity, you give money to corruption around the planet, and all that to transform you in the same average man that you have always been and always will be. So It is better to sit in the caught and watch sunday TV shows. It is equally alienating and fun.

Friday, November 17, 2006

Canção do emigrante brasileiro

Por mais terras que eu percorra
pois permita deus que eu morra
sem que eu volte para lá
para que eu tenha o meu visa
que eu consiga ter divisas
e boa vida em Utah
minha vitória final
o mais longe do covil
da pobreza animal
e o sorriso azul anil
um brinde ao meu ideal
e à glória do meu Brasil

Wednesday, November 15, 2006

Economia

Eu não deveria passar meu tempo livre falando de economia, porque eu já vejo isso a semana inteira na faculdade. Mas há uma entrevista muito interessante que todos, inclusive não iniciados em economia, deveriam ler.

O entrevistado é Milton Friedman, um grande economista que meio que inaugurou o monetarismo. Monetarismo é uma corrente da macroeconomia que entre outras coisas, é famosa pela tese de que a inflação é um fenômeno predominantemente monetário. Ela se confronta em vários aspectos com a teoria keynesiana. A razão do confronto é muito simples: para os monetaristas, para que a economia de um país se mantenha estável basta o controle da oferta de moeda. O governo tem seu papel reduzido. Sem dúvida este é um pensamento predominante hoje.

Para situar um pouco, o monetarismo tem a ver com todas as teorias que acreditam no mercado como um mecanismo eficiente de alocar recursos, e surgiu no mesmo período das novas teorias de desregulamentação do mercado. Então Milton Friedman pode ser colocado ao lado de F. Von Hayek e os outros teóricos do neoliberalismo.

Bem o neoliberalismo é bem conhecido como uma teoria que prega a rendição incondicional a uma determinada cartilha de políticas muitas vezes que não fazem sentido, pois não se pode aplicar as mesmas políticas em qualquer país.

Mas algumas partes da teoria são aproveitáveis para se fazer uma reflexão a respeito da sociedade, e quê modelo uma sociedade é capaz de escolher para si. Será que abrir mão da liberdade econômica é desejável para se construir uma sociedade igualitária? Ou qualquer coisa que implique na perda de alguma liberdade já é por si só pior do que a liberdade, com todas as suas más consequências?

Para conhecer a fundo essas teorias deve-se quebrar alguns preconceitos. Como na faculdade de economia nós temos poucas chances de conhecermos outras correntes do pensamento, eles ganham um espaço especial. Mas são pensadores consistentes, não são oportunistas, enganadores, demônios, como pensam, e até é preciso conhecê-los para se poder fazer alguma crítica.

www.digitalnpq.org/archive/2006_winter/friedman.html

aqui está a entrevista. Aproveitem.

Próximo texto escreverei sobre um artigo interessante que li, sobre o comportamento dos políticos em época de elições.

Sunday, November 12, 2006

Defeitos Futuristas

Certo dia me avisaram
“Vai ter explosão lá no Novo México”
Gostava daquilo, de como soava:
uma bravura, uma barbada

Fiz questão de ficar bem perto
Veio o barulho, um calor de se tirar a camisa
Como era linda
Como brilhava
Aquela grande explosão

Voltei para casa sorridente
Olhei no espelho, que surpresa!
Parecia uma obra de arte
valor: 1 milhão de do-lares
a minha disposição

e ainda geometrizado
cores austeras
nariz no cabelo
boca na perna
olho no braço
sem perspectiva -nenhuma- de viver
que posso mais querer?

Cubista, Cubista, Cubista
pra todos que querem ver
Ninguém precisava ir ao museu
eu estava na praça do liceu

era um Picasso,ou um Braque
ou um Cezánne.
autêntico, original,
a bomba atômica
havia me transformado
em algo absolutamente genial

Sunday, November 05, 2006

cena romântica






Gay, mas muito bonita cena.

Saturday, November 04, 2006

Poemas de amor

Ao fim da tarde desse dia
Deu-me uma vontade tremenda
De escrever poemas de amor

Quando isso acontece eu ligo a TV

Na TV passam mortes demais
(E a vontade não passa)
Golpes, esquemas, máfias
O mundo é uma decepção só
Uma decepção que é uma espera do tamanho
De uma senha inválida no caixa eletrônico 24 horas

É a frustração eterna e intermitente
de nossos dias
(minha vontade aumenta)
vou ao bar, peço sei lá o que,
um salgado
com sorte estará envenenado
e o veneno explodirá minhas veias
me deixara sem ar, perdi-me, morri

no fim da vida
minha maior frustração
foi não ter escrito
poemas de amor nesse dia

Wednesday, November 01, 2006

Eterna reminiscência

Quem está longe provoca melancolia na gente.

- Tenta escrever! solta! não dá.
É sentimento na mente, vindo do peito,
E pára... de parar de pensar!
E pensa,
Viva a melancolia(!), saudade ingrata,
Injusta falta de alguém, maldade,
Raro auge de tudo o que é e tem.
Consequência inexplicável do acontecimento das coisas,
Da tristeza palpável dos homens palpáveis,

E lembra.

Agora deita na tua cama e dorme,
Mas não dormes, sonha,
Sonha estúpido!
Que a vida não trará a sua luz,
De graça? nem poderá nunca trazer.
Esqueça, ou melhor,
Não sonhas,
Vai até ela, ou melhor, vai logo,
Que a angústia preparou um banquete,
E sorridente inda te come vivo.

Monday, October 23, 2006

lembrança barata

Lembra, meu GI joe, que sentávamos no tapete da sala de casa, e que juntáva todos os outros bonecos heróis que tinha com você; fazia vocês se reunírem em assembléia para discutir como iríamos combater o mal?

Um dia soube de você simbolicamente na minha cabeça que mesmo quando eu ia na escola, vocês ainda ficavam lá no tapete, acertando os últimos detalhes, num burburinho que só; Hoje deixo-os quietos numa caixa de sapato no fundo de um armário.

Esplêndida realidade.

Sunday, October 15, 2006

Conto.

mandei esse conto para um concurso do Estado de São Paulo, que deveria ser sobre futebol. Definitivamente não ficou bom, mas acho que tem algo aproveitável no texto que eu gostaria de retrabalhar. De qualquer forma, coloco-o aqui.

O pai do Amauri não podia assistir à nossa final, disse o treinador. Não era uma questão de maldade, era crucial que ele não fosse. Lembro bem do professor avisar que não queria tumulto porque o jogo da final ia ser num colégio de padres. Os padres não gostavam de briga nem que a torcida xingasse o juiz, do contrário não seríamos mais chamados para competir nos outros quadrangulares. Por isso foi vetada a presença do Sr. Teófilo. Ele não se controlava, poderia nos prejudicar.

Antes ele era quem nos levava aos jogos do São Paulo. Não podia alguém ficar de pé na frente dele mais de um minuto que já vinha xingamento brabo. Os palavrões que sei devo ao pai do Amauri. Tantas eram as reclamações das mães, dos moleques voltarem dos jogos com a boca suja, que o Sr. Teófilo não pôde mais nos levar. Sem fazer nada aos domingos, ele devia se sentir sozinho. E pior é que era indesejado também no nosso time modesto da 6a série.

O Amauri arranjou um jeito de que sua mãe assinasse a convocação para o jogo, numa hora em que seu pai estava no trabalho. Deu uma dor no peito. O pai o Amauri era o único pai que ia nos jogos mesmo, em todos, levava a sério. Talvez para nos dar um certo apoio. O jogo seria no sábado de manhã, íamos com a perua do colégio. O motorista sintonizava a rádio numa estação de pagode e nos sentíamos na Várzea. Vinha a completude nostálgica da Várzea, uma gritaria total embora o professor já naquela idade falasse em concentração.

Chegando à quadra, corremos diretamente para o vestiário. O professor deu as camisas. Eu era o número catorze, banco, maldito banco, um atestado de incompetência, mas também de humildade, nobreza, resignação. Maldito banco. Vestimos nossas caneleiras, meiões, chuteiras, levantamos, e o professor pediu para rezarmos um pai nosso. Só quem já jogou futebol entende o misticismo que é momento da preleção. Enfim, finalizada a reza e as instruções finais do professor, já fomos para a quadra. Eu carreguei as garrafas de água e já me acomodei no banco. Os titulares já iam para a quadra chutar no gol.

Meus olhos procuravam minha mãe na torcida. Minha mãe, que nunca assistiu nenhum dos meus jogos, trabalhava de sábado. Mas quem sabe estaria acenando para mim, teria uma surpresa. E tive. Na primeira fileira da arquibancada estava lá o pai do Amauri, de braços cruzados, olhando os moleques chutarem bola. Ia avisar o professor mas não fui, deixei-o. Senti um aperto no coração.

Teve um lance em que o Amauri tomou uma falta feia, e o juiz não marcou. Olhei para o Sr. Teófilo e ele ficou quieto, se segurando, com uma bruta raiva do juiz, do treinador. Mas não disse nada. O placar marcava zero a zero até que o nosso fixo chutou uma bola para escanteio. Jogada ensaiada e uma bomba que nosso goleiro nem viu. Um a zero, fomos vice-campeões. Eu nem me importava mais com o jogo. No fim dele o Sr. Teófilo foi até o Amauri e lhe deu um abraço forte que me lembro até hoje.

Sunday, October 08, 2006

O Debate de hoje e o Caos da Humanidade

Prestemos bastante atenção no debate de hoje, para o nosso próprio bem e sanidade. Não porque isso vá nos ajudar a escolher o melhor. Será mais fácil a constatação nossa de que não há diferença substancial entre nenhum dos candidatos à presidência. E eu disse substancial.

Podemos achar uma característica aqui ou ali que nos faça votar num ou noutro. Não menosprezem as nuances e as sutilezas de cada um, inexplicavelmente elas são essenciais, principalmente para o julgamento das pessoas. Agora, o importante é não acreditar na ilusão de que se um for eleito estaremos caindo nas trevas mortais da ignorância ou do neoliberalismo.

É muito comum, em diversos períodos da história, o homem aparecer com o discurso de que se "isso" acontecer vamos caminhar para a degeneração humana e da civilização. É irritante quando é mentira.

Este é um desses casos. Há muitíssima semelhança de propostas vagas, e as melhorias prometidas são sempre de natureza incremental. Eu me vejo assistindo uma luta de boxe que começa com a apresentação de Lula e Alckmin:

"De um lado, ele, Lula, antiga esperança do povo, pesando o suficiente para adquirir o futuro epíteto de bonachão e um lugar entre o segundo escalão dos estadistas brasileiros (e olhem que o primeiro não é lá essas coisas), que enfrentou diversos problemas com corrupção em seu governo e tem sido questionado junto com seu partido sobre sua integridade ética."

"Do outro Alckmin, "o genro que toda sogra queria ter", tem laços com a Opus Dei, o que faz todo mundo lembrar da sofrível leitura de Código Da Vince entre outras coisas, amparado pelo ideário e o discurso de rendição incondicional do neoliberalismo, e que chegou a ter o disparate de dizer no debate passado que "o novo conceito de ética na política era eficiência."

E eu da platéia, sem dinheiro e preocupado com o futuro, resolvo nem apostar em ninguém. Abaixo minha cabeça com os cotovelos apoiados nos joelhos e tento fechar os olhos para ver se sonho por cima do pesadelo, seguindo um pouco a idéia de Álvaro de Campos:

"Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade. "

Saturday, September 23, 2006

Saiu-se bem.

Ouvi uma história assim essa semana que eu enfeitei.

O sujeito estava duro, sem dinheiro. Às vezes surgia um bico aqui ou ali, mas de forma geral, sempre estava preocupado se ia ou não virar mendigo de vez. É um medo que aflige muitos no mundo contemporâneo, mais do que o medo de falir, de perder os entes queridos: o medo de ser mendigo na Sé. No bar que ia para afogar suas frustrações devia dez cervejas, e toda vez que passava por lá, mesmo que tentasse se esconder, o dono do bar o via e dizia:

- "Olha lá, tem dez cervejas aqui depois". - Ele abaixava a cabeça, envergonhado, e continuava andando.

Um dia, puto com a vida, estava perto e foi dar uma volta no shopping pra distrair um pouco. Não ia comprar nada, só olhar mesmo. - "Estava até querendo comprar o celular, mas achei aqueles modelos muito chinfrins", disse ele pro amigo que trabalhava na sorveteria do shopping.

Na volta passou pelo mesmo bar e o dono o viu:

- "Olha lá, tem dez cervejas aqui depois ein malandro". Abaixou a cabeça. Tinha que arranjar um jeito de pagar aquelas cervejas.

No fim da tarde foi num pagode para ver se esquecia sua vida miserável. O amigo pagou a entrada, pois ficou sabendo que ele havia esquecido a carteira.

No pagode conheceu uma moça simpática que queria impressionar. Sem emprego, sem dinheiro, pelo menos mulher ele tinha que ter, e na ausência dos outros dois é cada vez mais difícil. Falou-lhe umas mentiras ao ouvido, que é perfeitamente lícito na situação em que ele se encontrava. Saíram mais cedo e foram passear, assim ele aproveitava e a deixava em casa. Por coincidência ela morava pertinho dele. Estavam se dando bem, coitados.

Quando o camarada percebeu que teria que passar na frente do bar em que devia dinheiro, se desesperou, iria provocar uma má impressão e daí só lhe restaria virar mendigo, pensou. Não muito tempo depois, o dono do bar o viu e disse:

- "Olha lá, tem dez cervejas aqui depois ein!"

Quem está na merda tem que pensar rápido. Ele retrucou:

-"Põe pra gelar então que amanha eu passo pra pegar!". E seguiu reto de cabeça erguida. Seu orgulho o salvara.

Friday, September 15, 2006

Futebol e Filosofia.

Lembrei dessa cena genial do monty python. Sempre dou risada.

Thursday, September 14, 2006

espero que seja uma profecia não auto-realizável.

Anotem aí. A psicopatologia do seculo XXI é a Normopatia. Essa doença de ser tão normal, normal, que se é levado a um estado de letargia, em que se perde a faculdade de julgar e pensar.


Podem anotar.

Wednesday, September 06, 2006

Cotas raciais e direitos humanos

Houve um comentário sobre quando me declarei favorável às cotas raciais. Houve também quem me cobrasse por esclarecer meus argumentos sobre a questão. Prefiro fazer isso aos poucos para não escrever nenhum tratado sobre o assunto, pois não é o meu objetivo. Quero é que entendam a complexidade que há nessas coisas, e o quanto de falso acabamos assumindo sem refletir.

Aproveito esse post para refletir sobre duas questões: Por que cotas raciais são legítimas (se são necessárias é outra questão que discutirei depois) e Por que cotas raciais em vez de cotas sociais ou para escolas públicas.

Em primeiro lugar. Façamos uma reflexão sobre a história. Voltemos à revolução francesa, à revolução americana e à declaração dos direitos do homem da ONU em 48. Todas elas de alguma forma afirmaram a igualdade formal entre os homens, por serem todos racionais e livres etc. O direito de ser reconhecido como homem por outro homem parece-me a base fundamental dos primeiros direitos humanos, como se fosse um pré-requisito universal no trato de todos os povos, seja ele inimigo ou amigo, rico ou pobre, de qualquer etnia. Direitos humanos, segundo Hanna Arendt não são estanques, eles mudam para melhor ou pior ao longo do tempo. è o que acontece se comprarmos a idéia de direitos humanos em1789 e em 1948.
Eu pergunto: Deveríamos, sabendo que é possível progredir em matéria de direitos humanos, parar por aí? Devemos aceitar a igualdade formal e deixar de buscar uma igualdade de fato?
Na minha humilde opinição creio que não.

Um novo direito humano que surgiu no século XX foi o chamado direito a diferença. Além do direito de sermos iguais, que nos uniformiza, temos, humanos, o direito a nos diferenciarmos dos outros, pois é assim que se forma a identidade. E qualquer situação em que eu, ao afirmar a minha identidade cultural for reprimido, isso é um desrespeito aos direitos humanos.

Alguém parou para pensar nesse culto obsessivo em alisar o cabelo que os brasileiros têm? E a velha questão do capitão do mato, que era negro, mas caçava escravos fugidos a fim de sustentar um a primazia social daquels que lhe oprimiam?

Vejo que o assunto começa a ficar interessante. Visto que não se deve coibir alguém de afirmar sua identidade cultural, ou por ser diferente, temos um novo conceito de igualdade e de discriminação. "Discriminação é quando em situações iguais somos tratados de forma diferente e em situações diferentes somos tratados como iguais." Essa é a difinição presente no documento contra a discriminação da mulher da ONU.

Ora, vão me dizer agora que um negro está em condições iguais a um branco na hora de fazer o vestibular!? O vestibular é então, por definição, um mecanismo de discriminação.
São tantas outras as instituições que tem essa função no Brasil. Na Anérica Espanhola era proibido por lei a um homem nascido na colonia ocupar cargos administrativos. No Brasil oo acesso a terras sempre foi restrito a determinados grupos de pessoas. E por aí vai. Querem que eu coloque o argumento dos 300 anos de escravidão negra? Daqueles que são mais parados em blitz policiais e que mesmo sendo ricos são impedidos de entrar em condominios de luxo?

Calma... Eu acabei de falar que não podemos apenas criar direitos humanos que proibam a discriminação, que prendam o racista, pois assim só temos a igualdade formal. Para se ter a igualdade de fato precisamos de políticas e instituições que PROMOVAM esta igualdade de fato. é aí que entram as políticas de ação afirmativa. Por isso elas são legítimas do ponto de vista conceitual.

2) A miscigenação é a maior farsa da história do Brasil. Sem dúvida que há miscigenação, mas não da forma que ela nos é vendida. O pardo, o mulato no Brasil é visto como uma gradação do negro para o branco, não, infelizmente, uma raça autêntica, como pode advogar algum entusiasta do homem cordial.
Em toda a história dos povos da américa esse argumento da nação parda foi usada para iludir a mente daqueles que viam um problema racial no país. A questão não é se o Brasil é um país racialmente dividido ou não, mas que há desigualdade entre brancos e negros, isso há.
Sabe-se hoje que os negros talvez não sejam nem 7% da população. Entretanto, socialmente, tudo gira em torno do quanto se é negro, daí a necessidade do foco ser o negro. E a expressão "pé na cozinha"? Poderia haver canela na cozinha, joelho, e até a cabeça.
Falar em negros e brancos é uma impropriedade. Não existem raças. Mas se a exclusão social está associada a critérios raciais, porque não podemos usar os mesmos critérios para a inclusão? Será que é isso o que vai destruir nossa sociedade? É possível ou viável adotarmos outro critério?
Não chegou a hora de uma nação como a brasileira vestir a camisa da promoção da igualdade de fato, e dizer bem alto: "Nós, Brasileiros estamos dispostos a acabar com o racismo e com a desigualdade, para viver em uma nação onde as crianças não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter"?

Digo com toda a certeza a vocês que quando desviamos a política para cotas sociais ou de escola pública, todo esse propósito simbólico se perde. Em termos práticos é a mesma coisa, pois os negros são maioria entre os pobres e entre os estudantes de escola pública.

A associação de políticas de inclusão social com a discrminação é absurda. É dizer que dar universidade a alguém que nunca iria ter a oportunidade de estudar é discriminar.
Por acaso vai sair carimbado na testa de alguém que ele é cotista, vai sair no diploma, por acaso? Não são todos os negros que serão cotistas, os que têm nota suficiente entrarão pelo sistema universal, não há sentido nessa proposição. E outra: estando lá na universidade, que é um espaço público, finalmente quem soferer discriminação vai poder ter voz para alguma coisa e discutir a questão da tolerância a outras culturas na universidade. A UnB observou uma diminuição dos casos de racismo depois da implantação do sistema de cotas.

Não vou entrar no mérito de outras questões relacionadas. Mas parece-me óbvio que cotas raciais são melhores para diminuir o racismo(!!!) do que cotas sociais. Sempre dependendo da forma que são implantadas, como mencionei no post anterior.
O que acontecerá com os brancos pobres? Os brancos pobres sofrem discrminação por serem negros? Ora, há algo errado, não?Política é escolha, os brancos pobres não estão na questão do racismo, mas em outra, aliás em muitas outras em que o Brasil é um desastre.
Precisamos definir a hora em que vamos tentar ou não acabar com o racismo

É muito fácil dizermos para esperar o ensino básico melhorar. não somos nós que temos 18 anos e nunca vamos poder sonhar com a universidade mesmo.

* políticas de ação afirmativa são temporárias por definição, como se coloca no documento da ONU.

Monday, August 28, 2006

comentários

Não sei se alguém viu ou vê regularmente o programa Manhattan Connection, no canal GNT. Eu fui citado bem por cima na hora que eles falam dos e-mails dos telespectadores.

É que eu sou favorável às cotas universitárias para negros, e quando normalmente esse debate aparece na TV, nunca colocam o outro lado. Como num jornal nacional em que, numa reportagem especial sobre o assunto, se mostrou um professor universitário contrário e nenhum favorável.

Desta vez eu tratei de escrever um e-mail, mais ou menos objetivo, contestando alguns dos argumentos que eles apresentaram. Minha posição em relação às cotas não é reflexo de nenhum esquerdismo idiota que eu possa eventualmente, sem querer, ter.

Na verdade, após refletir bastante, e como sou interessado pelo tema da educação, ter pesquisado, feito uns trabalhos, e lido um desses estudos publicados pelo núcleo de consciência negra (creio que seja esse o nome) da universidade de são paulo, conclui que não há evidências suficientes para acreditarmos nas consequências negativas das ações afirmativas. Ao contrário, elas podem ser eficazes e importantes para a promoção de uma igualdade de fato, que vai além do simples multiculturalismo, desde que aplicadas com propriedade.

Para acabarmos com o racismo no Brasil, há alguns caminhos possíveis. Ações afirmativas são razoáveis pois podem acelerar esse processo, sem escorregar em nenhum tipo de medida paleativa.

Outro dia exporei meus argumentos que podem provar isso.

Nesse programa, a posição contra o sistema de cotas foi unânime. Mas acredito que pensem assim mais pelo dever que acham que têm de tripudiar em cima dos liberais esquerdistas (corretíssimo o tom da crítica) do que por convicção sincera.

E essa convicção sincera poderia ser apenas a manifestação de um medo danado de perder privilégios. Menos mal.

Friday, August 25, 2006

poemas de amor

Escrevi um poema que falo sobre a vontade de escrever um poema de amor.
Eu não o coloco aqui pq acho q ele não está pronto.

Além do mais. Poemas de amor são mais perigosos para o indivíduo que drogas pesadas e carros sem freios. Faça um poema de amor e perca-se.

Vi amigos que andam fazendo isso inescrupulosamente. Tenho que falar para eles tomarem cuidado.

Uma hora estamos sentados pensando em mergulhar numa subjetividade, a busca de um sentimento verdadeiro, depois estamos nos entregando, e depois nos sacrificando. É tudo uma questão de estágios. Há pessoas habilidosas em parar no primeiro, e esses são os bons poetas apenas. Os que param na segunda fase são bons amantes. Os que vão até a terceira são idiotas ou os Salvadores que nossa sociedade precisa.

Sei que é clichê pensar os sofredores como Salvadores. Mas confessem que existe algo de muito heróico em levar pancadas na cabeça.

Saturday, August 19, 2006

O cansaço.

Cansaço pega agente de jeito. Num minuto parece que estamos revitalizados porque dormimos longas horas, mas no fim não é isso. No fim é alguma coisa que andamos fazendo estruturalmente na nossa vida que não bate com nossa regulagem corporal e mental.

Pode ser uma rotina tolerável mas errática, dessas em que uma hora se faz uma coisa, se descansa, e duas horas depois se retoma, e retoma, não em um dia, pois isso seria a rotina em si, mas em pequenas frações do dia.

Pode ser a não resolução de algo que já deveria estar resolvido. Isso é desgastante.

Pode ser uma intranquilidade nossa para dormir, para deitar e assistir TV, para comer. A intranquilidade não é advinda do cansaço, como alguém poderia pensar. é a causa, não o efeito. Kant dizia que em muitas das relações causalidade, a causa e o efeito são simultâneas e portanto, não se pode dizer que objetivamente: isso causou aquilo. (é o caso). entretanto, a causa e o efeito, embora simultâneos, são determinávels quanto ao tempo intuitivamente, de modo que o que vem antes é sempre causa, e o que vem depois, efeito. Assim, o cansaço é sempre efeito já que intuitivamente na linha do tempo ele vem sempre depois.
Além disso e em suma, ficar cansado tem sempre a ver com o não encerramento dos fatos, ou das tarefas.
e não, como pensam, com o término de muitíssimas tarefas uma atrás da outra. Penso eu.

Tuesday, August 08, 2006

apresentações

Estou esperando dar o tempo do rodízio para eu poder sair de carro. Aproveitarei para escrever.
Tenho uma matéria vazia na faculdade. Comunicações. Temos que aprender lá a falar em público e redigir relatórios, ofícios. Nas primeiras aulas temos que nos apresentar para a classe.

estava pensando aqui comigo como eu vou me apresentar, tenho a suspeita de que quando eu for lá na frente eu seja motivo de risada geral, afinal, vou acabar falando que gosto de filosofia, o q eu não é lá hobby muito popular. Vou ter que dizer também que escrevo, que sou vocalista de uma banda de ska. vou ter q explicar isso.

Sei que na hora, como eu sou metido a falar coisas esdrúxulas, vou acabar por cair no ridículaoque me arrependerei depois.
é que parece tão legal imaginado na cuca... falar de assuntos impróprios, paradoxais e confusos, às vezes sem sentido . Não tem jeito, vou acabar dizendo.

Essa disciplina é bem odiável. descobri num teste de português hoje que ainda erro. constatação que, em qualquer situação tirando quando eu desconfio se sou uma máquina, é ruim.

De resto sinto-me um pouco abandonado por todos. de resto não, por inteiro. O abandono é a condição inicial para a realidade e a delimitação de nós mesmos. Aos poucos vou recolocando meus pés no chão e sentindo-o gelado.


escrevi há duas semanas atrás um poema. por um momento pensei em coloca-lo aqui, porém sei que ele ainda não está pronto, então é melhor deixar o tempo.

andando na rua, imaginando...
(tive a idéia de uma história em que um roteirista ávido por desvendar os problemas dos lares e das donas de casa brasileiras idealiza uma versão brasileira de desperate housewifes, num tom de crítica social. Por fim , descobre que american dream não combina no Brasil, quanto mais a falência do american dream, e que um seriado desse nunca daria certo, porque as donas de casa não escondem nada, são aquilo e ninguém estaria disposto a questionar)

ai surgiu a frase: "a beleza americana brasileira nunca existirá. a beleza brasileira americana, sim".

melhor parar.

Saturday, August 05, 2006

Sétimo dia Afro

Minha avó falecera há uma semana e meu pai, ainda muito abalado pela morte repentina e pela série de resoluções burocráticas que tivera que tomar, como escolher caixão, as flores, optar por um ou outro procedimento de maquiagem do defunto para tirar expressões de dor, me avisou da missa de sétimo dia que havia marcado, na igreja de Bom jesus dos Passos, la na freguesia do Ó pertinho de onde moram meus avós. Era às vinte horas.
Todos nós da família nos agrupamos para irmos juntos à missa rezar pela perda nossa, celebrar a morte, que faz parte da vida e existe apesar de todas as bobagens não importantes que nos alegra ou nos entristece também. Fomos em dois carros, estacionamos num antigo parque de diversões que virara um estacionamento bem dos fuleiros. Chegamos à porta da igreja a qual possuia uma torre desproporcionalmente alta, um pouco feia.
A Igreja estava lotada numa sexta à noite, fato incomum. As igrejas vêm esvaziando com o tempo. Tem a ver com a dessacralização do mundo. Mas este dia ela estava surpreendentemente alegre, cheia, viva. Pareceu-me, por um instante, que aquela era uma homenagem singela, descompromissada à minha avó, que de todos os anos que vivera, talvez nenhum deles tenha feito uma reclamação sequer da sua vida, e tenha passado toda sua vida vivendo para os outros.
Notei algo de diferente no figurino das pessoas. Umas túnicas, uns turbantes, de estilo africano. Davam um colorido entusiasmante àquela missa de sétimo dia. Quê que há?. A comentarista da missa foi ao púlpito e proclamou: "Muito axé a todos! Nesse dia lindo da nossa missa afro para a comunidade negra!". Meus pais e avós se entreolhavam, e ela continuava. "Vamos festejar a nossa cultura, nossa identidade!". Cheguei perto de minha mãe e perguntei: "na hora de marcar a missa alguém avisou que a missa iria ser especial para a comunidade negra? E assim com esses batuques alto astral?". Chegavam os padres com a procissão de entrada, todos não só padres, mas verdadeiras autoridades na igreja católica, representantes das lutas pelos direitos negros. Minha mãe respondeu que não, que ninguem havia dito nada. Se não ninguém iria marcar uma missa de sétimo dia numa celebração com cavaquinhos, batuques, coral, músicas em dialetos africanos.
Foi um desencontro, isso com certeza. Um desencontro não só de pessoas (pois minha família estava lá com um propósito totalmente diferente), mas de sentimentos, de pensamentos, de momentos, deus! Todo o desencontro numa só compressa dimensão, espaço e tempo. Alegria e dor.
O padre dançava. Dizia no sermão que acreditava num deus que canta e dança. Assim como Nietzche, pensei. Sinceramente não soube o que sentir. Só sei que vivi aquela hora, hora e meia, e não achei desrespeito. Senti-me numa comédia verdadeira. Não tinha nenhuma probabilidade da missa de sétimo dia da minha vó ser uma missa afro.
Pensei depois em casa e tentei achar algo de providencial que justificasse o engano, mais pela distração que tenho de procurar essas razões. E enquanto pensava, quis que aquilo fosse uma forma de minha avó, que sempre pensou em agradar os outros e não a ela, ceder de novo a sua vez, o seu espaço.

Oxalá.


(é fato verdadeiro.)

Monday, July 24, 2006

O encontro

Um lugar vago, finalmente o achara. Sentara naquele banco e sentira pairar o silêncio por todo vagão. Ao contrário do ônibus onde é normal conversar alto com outras pessoas, no metrô esse costume não vingou. Lógico que alguns mantêm velhos hábitos, mas o metrô, desde o início, foi um verdadeiro expoente da modernidade, e com ela toda a individualidade, o charme do anonimato cosmopolita. O metrô foi um dos primeiros locais da cidade a ter escada rolante, e é impossível imaginar a grande expectativa das pessoas em torno de um invento como esse. Nos primeiros dias de operação as filas eram enormes para poder usar aquele presente da tecnologia, uma escada em que não se precisasse fazer esforço para subi-la.
E ali estava, sentado em seu banco marrom, olhando para os rostos das pessoas e para os reflexos dos rostos delas, nos vidros das janelas, sugando o que podia sugar do privilégio de ser indivíduo. As pessoas se entreolhavam sem parar, os seus olhos não paravam quietos. Em poucos minutos obtinha-se uma impressão completa de grande parte das pessoas que estavam no vagão.
Do seu lado não havia ninguém. Estava até vazio para aquele horário. Esperava que nas próximas estações mais gente haveria de se sentar, talvez ao seu lado. E tendo analisado involuntariamente cada pessoa próxima, por um momento viu-se sozinho e lembrou-se daquela música que compusera mentalmente. A música tinha um som de uma flauta e combinava com o apito do metrô quando chegava a uma estação. Mas foi intrrompido:
- Com licença.
- Ah sim. Deixou que uma moça sentasse ao seu lado.
Estranho, ela carregava consigo um caderno, e assim que sentou começou já a fazer anotações. Que palavras estará escrevendo? Ficara curioso e passou a esticar um pouco o pescoço, de modo a tentar ler suas frases. Sua cabeça quase invadia o espaço individual de ar reservado para aquele assento. Isso era perigoso. Sua visão não era boa e seu interesse por ler aquilo diminuía a cada instante em que olhava para o rosto lindo e alvo da moça. A inicial vã curiosidade, na verdade, em poucos segundos transformou-se numa vontade inexplicável de ver-se percebido por ela, que apesar de compenetrada no assunto que escrevia, não deixou de perceber os olhares para o seu caderno. Ela hesitou um pouco em responder com um outro olhar, afinal ele não tinha caderno, não era a mesma coisa olhar de volta a seus olhos.
Foi sem querer, entretanto, que desviou uma olhada rápida para ele, mas logo se envergonhou e virou o rosto. Alberto não conseguiu mais pensar em nada, e tentou segurar uma palavra que já escapara muito antes que pudesse tê-la evitado:
- Oi. - O sorriso custou a sair.
- Oi. - Respondeu.
Uma saudação curta, mas que não poderia transbordar mais sentimento, dada a frieza daqueles dois corpos. Aquilo não deveria jamais ter acontecido, era um deslize grave, um engano. Deveriam sim ter ficado apenas nos olhares como se faz normalmente todos os dias. E imediatamente perceberam a tragédia. Estavam apaixonados, amarrados, ligados para sempre, mesmo que nunca mais se encontrassem, porque sentimento não tem nem precisa de memória. Não! Não em plena atualidade dos homens passantes e bem protegidos. Deixar escapar um erro desses era imperdoável, um aprofundamento inconveniente do mistério da vida.
Podia tê-la conhecido e se apaixonado num lugar em que era permitido, numa festa, num bar com os amigos, não no metrô, nesses lugares dedicados à rotina de cada dia, isso era definitivamente um engano, uma atitude infâme. A sociedade é muito mais restritiva do que se imagina. Ele não podia ficar parado, tinha de corrigir.
Tentaria se redimir do erro levantando de seu banco e descendo na próxima estação. De certo o faria, contanto que não se despedisse. Não lhe daria nem mais um olhar, não daria mais chances. Era a única oportunidade que tinha de impedir um eventual reconhecimento num outro lugar, numa outra hora, nesses momentos em que qualquer que seja a probabilidade certos eventos sempre ocorrem. Aí sim estariam perdidos.
Desceria na próxima estação onde descansaria um pouco. Ali sim poderia sonhar com o amor que perdeu, com o rosto lindo daquela moça. Antes pudesse ver o amor distante, ,enfeitá-lo, e então se arrepender de não tê-lo vivido, do que vivê-lo, apenas vivê-lo e nem pensar nisso.
O som se inicia e abrem-se as portas, ele tão compenetrado em fugir, mal ouve o pedido dela:
- Com licença, eu desço nesta estação.
E agora? Ele não havia pensado nessa hipótese, não estava preparado. Simplesmente não tinha resposta alguma. E, por acaso deveria ter? A moça insistiu:
- Licença moço.
Alberto não podia descer com ela. Se ela fez o contrário que pensava, ele deveria fazer o contrário do contrário, já que deveriam se separar. No entanto ouve um som finíssimo, quase imperceptível. Mas que depois de ter sentido profundamente tanto amor em seu peito, mais do que sentiu em toda sua vida, entendeu tudo, tudo o que a fala dizia:
- Tchau. Disse ela quase não pronunciando o “u”.
Mais uma vez, ele sente um impulso incontrolável, afastando-o ainda mais da razão:
- Espere, eu vou com você.
Com você? Não bastava o desastre que fizera, agora a reconhecia como uma pessoa, uma pessoa mesmo. Bem, estava feito. Não havia volta. Ele, Alberto, e aquela moça, que se chamava Clara, desceram naquela e nas outras estações que ele tinha planejado passear. Dizia ela ter esquecido até para onde ia depois que conheceu Alberto, mas mais certa é a versão de que ela não iria a lugar nenhum e simplesmente não havia razão para ela ter tomado o metrô naquela hora, nem para ter pegado seu caderno e começado a escrever do lado dele.

Thursday, July 13, 2006

poesia cotidiana


Hoje, comi uma coxinha,

Estava muito boa

Tinha muita carne

E me caiu muito bem

Para que o dia fosse feliz

Só faltou pimenta

Sempre a pimenta

Monday, July 10, 2006

A beleza e a capitulação

A desistência e a rendição são subvalorizadas.
Esse pensamento lembra-me de um documentário que vi quando um ex-general americano da segunda guerra mundial contava sobre a época da rendição das tropas alemãs, em que encontrara um general alemão e recebeu dele uma arma de presente. Este último, ao apresentar a rendição de seus soldados, teria dito a ele que a pistola a qual lhe estava dando de presente nunca dera um único disparo se quer, e era o símbolo de como qualquer conflito deveria terminar. Nenhum de seus soldados morreram e todos puderam voltar as suas famílias.

Admiro a coragem mais do que qualquer virtude. Desistir por vezes é uma covardia. Mas naquelas vezes em que desistir é se recusar a participar de um jogo estúpido, e se servir para esvaziar de legitimidade uma postura desumana, digam que sou anti-herói, digam que fujo da vida. Sei que no fundo é lá que me aproximo de viver, porque viver é ter coragem, é capitular.

Friday, July 07, 2006

Meus planos não tão nobres.

Saiu hoje o resultado de um concurso literário o qual tinha inscrito um texto de ficção. Como era de se esperar de um escritor iniciante ridículo e infâme como eu meu texto não foi nem selecionado.
Reparem que quando digo infâme e ridículo falo com uma enorme sinceridade de mim mesmo. convivo muito bem com isso tirando os socos que dou no ar de vez em quando.

Há outras coisas que me deixam triste de verdade. mesmo essas eu aceito com um sorriso trêmulo mas cordial.

No concurso do ano que vem verei se inscrevo umas poesias para variar um pouco. Mesmo nos fracassos há de se sair da rotina.

E que "ninguém me dê piedosas intenções, ninguém me diga vem por aqui".

Tuesday, July 04, 2006

Os excessos de nosso mundo (culinário)

Acho infundado esse fanatismo por chocolate. Chocolate é bom, eu entendo e não discuto. Mas esses dias estava num aniversário e serviram um bolo de chocolate com chocolate demais. Não dá. Alguém há de dizer a essas pessoas que por mais que todo mundo goste de chocolate, se colocarmos demais o bolo fica com gosto de chocolate em pó, nescau, toddy.

Mas nosso mundo é assim, quando gostamos de algo temos que enxarcar a vida disso senão não estamos aproveitando corretamente e então nos queimam em fogueiras.

Vá ao mercado municipal e peça aquele sanduiche inescrupuloso de mortadela. A mesma coisa. Alguém tem de dizer isso, alguém tem de levar a fama de cri cri: aquilo lá é um exagero.

Sunday, July 02, 2006

Tempo Livre.

Aproveitei o tempo livre para mudar de blog. Este parece-me mais legal.
Quem estiver lendo pela primeira vez, que seja bem vindo.

Eu não vou falar da Copa do Mundo não. Pelo menos não hoje.
Esperarei passar o domingo até que me venha algo a cabeça.

eu.

o fim.

acabaram-se minhas provas. volto a escrever após uma noite de sono.

comentário autobiográfico

Senti que o velho Diogo de sempre volta de vez em quando pra dar palpite em uma ou outra besteira da vida. Eu acato salutarmente.

Nos últimos dias fui tentado a escrever toda sorte de coisas agradáveis, politicamente utópicas, intimamente revolucionárias. À minha maneira sempre, ou à de um velho Diogo não tão melodramático.

Às vezes é bom aceitar que certo romantismo com as coisas não faz mal. Seja o que for, até para passar por sonhador, ou alguma palavra que se aproxima a isso e não me vêm à cabeça. Sonhador não é a palavra correta, nunca é, porque sugere neblina, fumaça.

Sobre a abstração na política

há de se separar política de políticagem. Assim como a desigualdade entre os homens e o não reconhecimento formal dessa desigualdade no dever de isonomia do Estado.

precisamos perceber que uma coisa é a representação do nosso sistema democrático burguês, claramente uma abstração, algo que fica no plano das idéias. à outra é a realidade empírica desse sistema. Ninguém vai negar que a distância entre um e outro é do tamanho do universo, mas não é só isso. Essa representação torna-se um artifício retórico para impedir que mudanças estruturais ocorram e possam limitar os vícios do sistema real.

A idéia então toma vida própria e sai por aí justificando o que existe, mesmo que seja injusto e vicioso. É por isso que há tantas dificuldades em formular formas alternativas de participação política. Ronda sempre o perigo da destruição dos valores democráticos, que são realmente o que de mais valoroso se fez na humanidade. Mas que mau ofício a que se presta! Defender a realidade exploradora!

Poema - 3

é antigo. de uns 2 anos atrás. Interpretem como bem lhes aprouver.

Cirurgia Plástica

Quis certa vez, e queria hoje
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz

Assim alguém poderia tirar uma foto
para eu botar num quadro, emoldurado
Colocaria na Internet, talvez
Minha imagem ficaria ótima

Pareceria mais jovem
Alegre, amigo, despreocupado,
E de certo esconderia deles um pouco de mim

A fotografia teria a graça,
A leveza de um dia ensolarado
E também mistério
A benção de um ser escolhido...
Puxa! Como eu queria, deus,
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz

E então eu olharia para ela vesgo
Rindo, rindo incontrolavelmente
E tudo isso sairia na foto
Como se aqueles poucos segundos
Fossem o ápice da minha felicidade
E seriam, essa seria a minha fotografia!
Aquela que só eu teria, finalmente a encontrara

Faria com ela o diabo
Eu a colocaria em preto e branco
Em tons de amarelo, azul, verde
Deixaria embaçada, escura , brilhante
E mandaria imprimir milhares delas
Para entregar a todos que me conhecessem
E eles me invejariam, dizendo que talvez no fim da tarde
Pediriam a deus para que isso acontecesse a eles

Ah como eu queria,
Mas como eu queria
Que uma borboleta pousasse agora
Bem na ponta do meu nariz

Mas ela nunca vai conseguir
Meu nariz é pontudo demais

PCC

Colocar o crime organizado como produto da exclusão social é um equívoco. Também é um engano ver organizações criminosas como preenchimentos de um vazio deixado pelo Estado. Costuma-se usar a exclusão como um coringa, que explicaria todas as mazelas do Brasil. é preciso haver cuidado no uso desses conceitos.

Itália, Russia, Japão são países com um crime organizado mundialmente reconhecido: o japão tem uma ótima distribuição de renda, a rússia é um ex-pais socialista, e a itália no século XX consolidou sua reforma agrária.

Quem relaciona crime organizado com os movimentos de resistência, como a intifada, está fazendo um dos raciocínios mais absurdos que se pode fazer. afinal, o PCC não apresenta alternativa política e inclusive se mistura com os políticos do status quo.

O crime organizado surge quando há viabilidade econômica e permissividade nas leis, impunidade. Não tem nada a ver com exclusao social.

Exclusão social pode até gerar crime, mas daí a ele se tornar organizado é outra história.

continuidade dos serviços públicos?

As empresas de ônibus de são paulo não poderiam ter retirado seus ônibus de circulação. Não importa que haja risco de perder o patrimônio. O contrato administrativo é bem claro em sempre assegurar a continuidade dos serviços públicos. Se estava ocorrendo incêndios e destruição de ônibus, as empresas deveriam continuar a operar nas linhas e a administração pública deveria indenizar as empresas mais tarde, se houvesse perdas patrimoniais.O que não podia ter acontecido era a cidade ter ficado ainda mais caótica, num momento em que isso não poderia acontecer. Esse foi um dos maiores absurdos que presenciamos no dia de hoje.

Do mesmo jeito que as pessoas desconfiam do pânico desproporcional da chamada classe média. Eu desconfio desses iconoclastas que teimam em dizer que a população não deveria ter ficado tão assustada com o ataque sistemático às autoridades de segurança pública.
Vamos refletir e ver que nada é tão puro assim quanto parece.

Falam da culpa dos boatos na disseminação do medo. é um equívoco. Boataria é comum nesses casos. Colocar a culpa disso nos boatos é um absurdo. A partir do momento que vc não consegue chegar ao trabalho por causa de uma ineficiência das autoridades em garantir a sua chegada a ele, está aí um bom motivo para entrar em pânico.
Não me venham com classe média, com reacionarismo, conservadorismo, esses lugares-comuns usados para desqualificar a perplexidade de todos. Houve motivo para pânico sim. O motivo não foi a violência, mas a descontinuidade de serviços essenciais de transporte que prejudicaram não só as áreas dos ataques, mas toda a cidade.

Há outros equívocos, como o de dizer que crime organizado se combate com programas sociais e com educação. Mas isso é assunto para outro dia.

fabriquinha de comida

uUm amigo meu me levou num lugar que ele falava, onde havia uns salgadinhos muito bons e baratos, bastante frequentado pela juventude transviada de são paulo.
eu topei passar lá, e no caminho até o lugar ele me explicou que chamavam o point de "Fabriquinha de Comida".

dpois de ouvir esse nome eu mal podia mastigar direito a coxinha, muito boa por sinal, de tanto dar risada. Eu gargalhei dpois sobre isso por mais umas 3 horas, cada vez que eu lembrava do nome.

fabriquinha de comida é muito nada cool para o nome de um point em que se vai depois de baladas muito loucas na noite paulistana. Genial chamarem disso.

sobre a raiva e certos tipos humanos

Pô meu. Não escrevo há um tempo já.
São os testes, obrigações, etceteras da vida cotidiana.

Já falei aqui de uma raiva compressa de certos tipos de pessoas que tenho. às vezes me imagino dando uma marretada e amassando suas cabeças. Respondam rápido: isso é um traço histérico, neurastênico ou o quê?

mas vejam só, eu nunca conseguiria esmagar a cabeça de alguém, e a culpa é muito das minhas censuras pessoais, que bem ou mal, fazem-me um sujeito pacífico. Peço só para não subestimarem, no entanto, a força do pensamento.

É a única alternativa que tenho e que me evita de ser um louco. Loucura é o contrário do que se pensa.
Jung dizia para trazerem em seu consultório os sãos que ele os curaria. Loucos são os que vivem nesse mundo e não reclamam.

por fora, na vida prática, tento viver um equilíbrio para valer. dentro sou paradoxal. tenho meus paradoxos bem encaixadinhos uns com os outros e sempre tiro um da cabeça para enfiar minhocas na cabeça de alguém mais lúcido. aí falam-me as vezes que o que eu digo está errado, como se só eles, centro do mundo, soubessem disso. Alguns deles gostam de mim porque eu falo de meus próprios paradoxos e pensamentos, sem medo. Com essas pessoas eu sou tolerante.

Outras simplesmente não me entendem, ou me entendem de forma oposta. Estão num nivel de vegetação e pastagem que "dentro", não existe mais para elas. E quando dizem que existe, estão mentindo. São seres absolutamente absurdos. Não se curvam para nenhum mistério, usam a subjetividade que não têm para justificar posicionamentos pró superficialidade. Usam da subjetividade que não têm para dizer que sua superficialidade é, na verdade, profunda. Alienan-se de um conhecimento e da grandeza da humanidade de tal forma, que de humano neles não lhes resta nada. Não adianta que lhes expliquem, que lhes falem.
dá é vontade de vomitar-lhes insultos sem parar.
mas eu seria, nesse caso, legado ao ostracismo.

que sejam esmagadas suas cabeças, pois.

Afirmações Incontestáveis

a frase, ou pergunta, mais pronunciada na cidade de Nova York é "Does it have to be kosher?".
Em São Paulo certamente a pergunta mais pronunciada é "Desce a Cardeal?".

Podem conferir. Qualquer situação cabe perguntar se algo desce ou não a Cardeal.

o sábado e o domingo misturados.

Passei o dia de ontem com os amigos da "época" do colégio. São encontros marcados por nonsense e discussões bem interessantes. Os tenho como muito amigos, embora até se diga entre os antigos que a amizade verdadeira só possa existir entre indivíduos virtuosos.
***********
O domingo causa agradável repugnância com a constatação de que esses programas de TV afinal são ilhas de terra barata cercadas por mares vazios em todos os lados.

discussão: crime organizado/ tráfico

irei reproduzir aqui umas das discussões que tive, aí vão alguns aspectos teóricos que eu uso para entender melhor esse problema no Brasil. Talvez pareçam um pouco jogados esses argumentos, mas é pq eles foram colocados numa longa discussão. com tréplicads, réplicas, etc.
I)
1)O crime é um produto da desigualdade social, mas o crime ORGANIZADO é resultado de uma permissividade nas leis, uma mistura de impunidade com má redação das leis mesmo. Por isso que o crime organizado existe no japão, na rússia, existia na itália. paises com boa distribuição de renda. Dizem mto das semelhanças entre a máfia russa e o crime organizado brasileiro.
2) o crime organizado tem braços políticos e articulações com o status quo, eles elegem representantes, tem lobbys por todo brasil. é um erro enxergá-los como fora da dinâmica do Estado. Eles SÃO o Estado, por isso preenchem funções de Estado, e não são substitutos do estado brasileiro, são parte dele.
3) A luta de classes tem vínculo direto com a dinâmica de conflito e resistência dos modos de produção. Se o PCC não é resistência, ou melhor é uma forma bastante corrompida de resistência pq se alia à braços políticos do crime, ligadas a lavagem de dinheiro, com contas bancárias em paraísos fiscais, então ele não tem a ver com luta de classes. Assim eu não estou dizendo que o crime comum não tenha a ver, ele tem, pq faz parte de um ciclo de exclusão, que nao necessariamente desagua no crime organizado, na verdade, ele desagua na maioria das vezes em movimentos sociais e na criminalidade comum não organizada.
a presença do Estado, com seu corpo de leis bem constituído deve coibir o uso ilegítimo da força por essas organizações, isso se quiser, se tudo já não estiver tão misturado com o crime, que seja impossivel essa empreitada.

II) na verdade chico, eu estou colocando outra perspectiva pro mesmo conjunto de evidências. Veja: se concebe-se o Estado como um corpo que deve servir antes de tudo o povo, o Estado brasileiro é bastante ineficaz, e portanto o crime organizado preenche essa lacuna deixada pelo Estado no sistema penitenciário.
O caso é que o Estado predominantemente não tem como finalidade o povo, principalmente o Estado Brasileiro. O Estado Brasileiro, predominantemente tem como sua finalidade principal a defesa da classe dominante e seus instrumentos de manutenção do estado de coisas. Não há como dizer que o Estado Brasileiro seja ineficaz nisso, dada a sustentação por décadas de uma insustentável desigualdade social.
O PCC então, é braço do Estado, de natureza igualmente opressora, e que sustenta, fora da cadeia esquemas de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, usando capital de "investidores" da tríplice fronteira, ou seja, elites. Sem contar que diminui os custos de manutenção dos presos, usando dessas ações que vc mencionou. O Estado se confunde com o crime, pq é criminoso. A diferença é que formalmente apenas, o Estado tem o uso da força legitimado pela população.O crime é necessário, sem dúvida. Mas ele não se opoe ao Estado.
O crime organizado sempre foi uma forma de ascenção social, está lá, nos filmes de mafiosos. No brasil ocorre é o contrário. O "administrador" do tráfico fica lá fodido (sic) , faz uns bailes funks e mais nada, enquanto que o cara que está atrás dele, o peixe grande que aplica no tráfico e em títulos do tesouro brasileiro, ele sim está lá fazendo festas na TV. Nem no tráfico há ascenção social.

* o crime surge num contexto de desigualdade, mas ele se organiza num contexto de permissividade. è um problema da Natureza do Estado, o seu corpo jurídico serve a outros interesses. Não há oposição CrimeXEstado. eles são aliados, é uma relação simbiótica, interdependente.normalmente ve-se o crime organizado como o sintoma de uma doença (sendo o Estado !ineficaz" e a desigualdade social a doença e a febre o crime organizado) eu não vejo dessa forma, como expliquei. O crime faz parte da doença. A febre é a desigualdade, o sintoma.

III) o crime organizado é um desenvolvimento desse mecanismo perverso de manutenção do status quo.

Como que o poder polítco vem depois do poder economico se eu estou dizendo que membros da elite "investem" seu capital em mecanismo de lavagem de dinheiro e trafico de drogas? Não esqueça da economia política, como o poder economico e o politico estao entrelaçados.

como eu explico que 50 anos antes nao havia crime organizado? ora ora, a tecnologia era outra meu amigo. Existiam outras formas mais adequadas à epoca. O jogo do bicho era uma delas (e nao subestime o tamanho da industria da contravenção no sec XX), agora , a população aumenta , a panela de pressão eh maior e cada vez mais se usam de metodos mais criminosos para conseguir manter o estado de coisas da classe dominante.

e "fazer políticas sociais" não tem a ver com o desmantelamento de uma organização criminosa. Ela tem a ver com o combate dos sintomas, a desigualdade. é como tomar aqueles remédios para gripe em que vc baixa a febre mas continua gripado.
Criminosos são o Estado e o PCC, eles tem que ser combatidos, primeiro mudando o corpo do Estado, sua estrutura legal, jurídica. aí sim estamos combatendo a doença.

IV) o jovem pobre é soldadinho, é alimento humano, escudo, sim ele é, é lixo para as elites. Isso só prova o quanto o crime organizado é opressor para esses jovens, embora coloquem minhocas em suas cabeças. mas vc quer matar o sistema de inanição??? quer esperar ele morrer de velho??? Garanto a você que sempre sobrará gente para servir o crime organizado, há milhoes de lixos, de escudos, sempre disponíveis para se sacrificarem por aquilo que é a sua própria perdição, e da sua classe. Por isso tem que mudar a lógica, não apenas os resultados da lógica. A lógica está fortemente ligada as caracteristicas do estado moderno brasileiro, com suas instituições normas, costumes. Pode-se diminuir a desigualdade de renda, e o crime organizado só se refinará como se refinou na rússia.
o tráfico é um mecanismo de manutenção sim. ele inclusive, no RJ mantêm a maior parte do tempo o morro quietinho lá, sem dar um pio. porque com 1,5 milhoes de pessoas morando em favela já era pra ter estourado faz tempo.

O fato de metralharem bancos faz parte do espetáculo, as fachadas tem seguro. As perdas não alteram a rentabiliadade que os bancos apresentam a esses mesmos investidores que colocam lá, ou em restaurantes, hoteis o dinheiro sujo do tráfico.

e mudar a estrutura jurídica não tem nada a ver com colocar leis repressivas. apenas colocar leis inteligentes. Um exemplo é a lei que define a possibilidade de isolamento de grandes chefes do tráfico em cadeias de segurança máxima. a idéia é inspirada na lei italiana que permite à policia isolar os chefoes da máfia até que de tão isolados eles percam a liderança, tornando a organização mais vulnerável, forçando uma reestruturação rápida que facilitaria os serviços de inteligencia policial na localização de nucleos criminosos. A lei italiana define que o preso deve ficar isolado por tempo indefinido, até que perca a liderança, mas a lei brasileira define o prazo de um ano , que não é suficiente para o cara perder totalmente a liderança do grupo. então acontece q a lei é ineficiente.uma outra lei por exemplo seria uma que restringisse o envio de dinheiro a paraisos fiscais.

Não há tempo para escrever.

para escrever não há tempo
não que falte as horas do dia
não que não viva a vida lento
mas é essa eterna noite fria

demasiadamente complicado.

Chamar alguém para sair é tarefa nebulosa. Do momento em que vc vê ela como normal para aquele em que vc eleva a imagem dela e engana a si próprio, por motivos razoáveis ou não, tudo muda e torna-se mais dificil. São tantas as variáveis que interferem nisso que se alguém compreende essa totalidade complexa, está preparado para entender todo o resto das coisas inteligíveis do planeta. Em outras palavras, não tem muito jeito não, tem que ter sorte e muito estômago.

Por isso que eu clamo por ter acertado em algumas apostas e ter falado as palavras certas. Isso aprumado, já é meio caminho para afastar-me da temida solidão de nossos dias.

Algo a ver com o pessimismo.

*Hoje foi o dia em que reli muitas coisas que eu tinha guardadas escritas e achei um lixo. Tentei consertar um poema e não deu certo. reli o conto que tinha mandado para o concurso de contos do Estado de S. Paulo e vi que estava muito fraco. estava pensando também e descobri que muitas coisas que eu tinha planejado realizar no próximo mês deram errado.

Enfim, uma semana de otimismo antecipado deve sempre ser seguida de uma de pessimismo na hora certa. Eu já deveria saber.

*Somado a isso, gastei parte de meu salário em livros que eu terei tempo de ler somente daqui um tempo. Estou numa leitura que não acaba nunca de um livro de 800 páginas, e é constantemente interrompida pelas milhões de leituras obrigatórias da faculdade.

*Andava pelo MASP quando fui a abordado por um poeta que vendia seus próprios livros nas ruas. Inspirei me da solidariedade humana por um homem que dizia querer viver de poesia, que buscava temas para o que escrevia em todos os elementos da vida. O caso é que eu li todas as poesias dele e as achei horríveis.

*Uma moça a qual estava pensando e até já tinha lhe escrito um soneto bonitinho revelou-se uma bruxa estúpida, das tantas que já me deparei na vida.

*Li no jornal a notícia de que os líderes latino americanos estão se reunindo para consolidar a Alba (alternativa bolivariana para as américas). Fiquei triste por não ter conseguido me enstusiasmar.

*Pude ao menos jogar futebol com uns amigos e emprestar um bom livro para um moleque do prédio. Tomara que ele não derrube pão com manteiga nas páginas mais interessantes dele.

Vender Poste?

Um homem perguntou ao amigo no que investir nesses tempos de crise, em que a situação andava preta. Ele disse bem rápido

-Em momentos de crise, o negócio é comprar poste!
-Comprar poste?
-É, comprar poste!
-Porra, mas por que comprar poste?
-Pra revender, oras. Poste é uma coisa que alguém sempre vai querer comprar.
-ah é?
-Se é! E depois da crise, a tendência é de mais gente ainda querer ter um poste, aí o preço vai lá pro alto.
- Pois é.

Política 2.

Antes que comecem as especulações em vista do pleito presidencial, eu queria colocar uma coisa que eu acho essencial. O grosso dessa minha idéia foi publicada no jornal acadêmico da FEA-USP deste mês. Quem puder ler, confira.

O ponto especifico que eu quero tocar aqui diz respeito ao voto útil. Muito tem se especulado sobre ele devido aos últimos casos de corrupção. O voto útil é uma ferramenta que funciona mais ou menos assim: Você escolhe um candidato não por simpatia ou por afinidade ideológica, mas pq ele pode evitar que outro pior vença as eleições, ou que possa haver um outsider no jogo político, com a finalidade de botar medo nos coroneéis, tocar o caos nas expectativas deles. Ás vezes é algo não recomendável, pois é um raciocínio que poderia levar a votarmos no Maluf de vez em quando. No nosso contexto, no entanto, o voto útil é indispensável.

Vale avisar que voto útil é coisa pra maluco, pq em vez de votar em quem vc quer vc vota de acordo com uma suposta racionalidade.
O certo é votar em quem vc quer. Os políticos sabem disso, por isso se aproveitam da nossa previsibilidade. Eles, com razão, não confiam na hipótese de sermos lúcidos. Eles acham que nós somos marionetes deles. O voto útil existe para invertermos esta situação.

Muitos dizem que o voto útil é o voto nulo. Eu não concordo. O voto nulo é inútil por definição. Ele pode no máximo, preocupar políticos, mas para fazer eles sentirem a voz da população seria melhor eles sentissem uma divisão mais equitativa dos votos válidos.

Neste cenário o voto útil vem a ser a escolha de um candidato que vá acirrar a competição partidária e evitar conluio entre outros partidos, forçando a discutir as propostas e a mostrar resultados mais rapidamente nos governos.

. Hoje temos o PT e PSDB como opostos, algo absolutamente irreal. Alguns partidos ou vão para o lado do PT , ou do PSDB, mas o maior deles, PMDB, vai para o lado dos dois. Conclusão: os dois partidos "opostos" terminam com a mesma configuração de poder, porque ainda que mude um ou outro ministério, a base de poder de ambos explora as richas PMDBistas para poder governar, fazem comcessões ideológicas que tornam os dois partidos "opostos" muito menos diferentes do que se imagina. Ambos os partidos se utilizam da mesma estrutura de poder.

Democracia pressupões alternância de poder. Se não há alternância, é melhor revisarmos em quem estamos votando.
Por isso o voto útil tem que quebrar este ciclo que mantêm tal estrutura de poder, uma estrutura bastante ineficiente e degenerada. Temos, pois, que apoiar o projeto de autonomia do PMDB e o fortalecimento do PDT (e demais oposicionistas de esquerda). Uma candidatura diferente do Garotinho (que num segundo turno apoiaria lula e juntaria o PT ao PMDB, mantendo a velha estrutura), seria perfeita para um projeto alternativo de poder, só aí já teríamos três ( e a tendência seria cada um se delimitar mais e mais). Um candidato como Cristovam Buarque ou o senador Jefferson Perez (um dos melhores políticos da atualidade, na minha opinião) , do PDT, recebendo uma quantidade significativa de votos, obrigaria o partido governista a ficar de olho aberto em várias frentes, pois teria alguns tipos de oposição, muito dispostas a fiscalizar e criticar o governo, desta vez com a força que uma votação expressiva lhes dera simbolicamente.

Para haver pluralismo não basta haver uma oposição, tem de haver muitas oposições, e isso é que o voto útil pode nos dar: Um Pluripartidarismo efetivo.

Haveria, portanto, uma mudança significativa na estrutura de poder de um governo eleito. Um voto que a promovesse seria mais do que útil.

este texto merece algumas correções mais tarde.

Alguns Assuntos

Vocês já devem ter ouvido falar daquele golpe em que criminosos ligam para telefones de classe média para aterrorizar/extorquir dinheiro. Eles dizem que estão sequestrando tal familiar, que estão com a arma em sua cabeça, é algo bem cinematográfico. Aí fazem essa pessoa no telefone acreditar e pagar um resgate de um sequestro que nem aconteceu.

Isso sinceramente eu não acreditaria pq eu sei no meu íntimo que minha vida tem sido uma sequência de situações vegetativas. Ser sequestrado... Muito Improvável acontecer isso. Iria contra o projeto que os deuses têm pra mim, contra minha identidade. Eu nasci e colocaram na minha testa um código que me coloca sempre nas situações menos movimentadas da vida, para bem ou para mal.

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Eu acordei hoje entendendo mais as mulheres. Que afirmação mais pretenciosa! Quando abri meus olhos estava com um pensamento na cabeça que dizia que quando as mulheres arranjam piores namorados do que esperam é porque elas ficam exigentes em qualidades externas a de um bom namorado.

Por exemplo, ela começa a refinar suas escolhas para homens que tem ótimas habilidades na a conquista inicial (digo conquista inicial para diferenciar da conquista permanente, essencial na relação amorosa e diferente dessa outra que só é usada nos primeiros encontros).
A mensagem que ela passa ao público masculino é essa: "invista em conquista inicial e será um dos eleitos". Como é muito custoso para aqueles que não tem muitas habilidades de conquista inicial entrarem na briga pela menina, a competição masculina é restringida a uns poucos que embora sejam bons conquistadores iniciais, não necessariamente são boas pessoas em si. A mulher então, entre os poucos candidatos, vai escolher a melhor pessoa (num prazo que varia, entrando até a possibilidade de traição com outros competidores) que está muito longe de ser o que seria a melhor pessoa se a competição fosse também aberta aos não-conquistadores (pois se os incluísse a competição seria maior, e a probabilidade de achar um bom namorado/marido). Resultado: a mulher que procura a "pegada" está mais propensa a ter namorados ruins, maridos ruins.
Uma solução para as mulheres que se acham azaradas por não acharem o homem ideal é que deveriam lutar para diminuir os custos de transação para usar um termo econômico. Vou elencar 5 medidas e depois me digam se não funciona:

1) tirar a exigência de uma boa conquista inicial e abrir a concorrência para os não tão bons nisso
2) participar de grupos diferenciados de amigos
3) tornar-se mais acessível para conversas e convites, em vez de manter-se no Olimpo
4) criar uma certa rede de relacionamentos que dê corretas informações sobre cada um dos concorrentes. Não utilizar-se das amigas fofoqueiras ou amigos de concorrentes pois eles piorariam a assimetria de informações. Poucas pessoas idôneas com uma boa cabeça e julgamento que se possa confiar.
5) Estabelecer regras claras a todos os concorrentes, de tratamento, limites para a privacidade, para insistência e para o não comprometimento.

Isso iria me favorecer bastante, até porque sou uma boa pessoa. Mas aí é aquela discussão, se afinal a ciência existiria como um instrumento a serviço de algum grupo particular.
Acho que não. =)

Eu tirei essa idéia depois de estudar como funcionavam os grupos de mercadores, caravanas na europa , eu não vou explicar tudo.

legal né...
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Minhas homenagens à memória de Telê Santana.

Poema - 2

Colocarei pela primeira vez um poema meu que gosto, gosto mesmo de ler. Principalmente a última estrofe. O fato de eu gostar não quer dizer que o poema seja bom , na verdade, tem alguns defeitos que eu sempre mudo aqui ou mudo ali cada vez que leio, exceto pela última estrofe. (desde que postei aqui, o poema já foi mudado).

Solidão Induzida

Um banco de cimento, enquanto passava,
disse-me com os olhos secos, da secura que era o dia:
“sente aí, faça uma companhia homem!”
sentei-me afinal

havia nele o anúncio da velha padaria,
a que fechou para abrir uma farmácia no lugar

então fiquei sozinho, enquanto passavam os homens
e acabava o dia estupidamente
Silenciei-me, apreciei a solidão, tolo que sou
e logo conclui que não servia era para nada
só para ficar olhando, para silenciar

Não sirvo nem nunca servi, esse é meu lema
e quem não serve certa hora deixa de existir
É o orgulho e dignidade que ninguém quer ter
Desaparecer, ofuscar-se pela luz do céu
misturar-se entre os bancos velhos, arruinar-se com a cidade

e por isso sou odiado pelos outros
há os apáticos, há os agitados
Eu sou a ruína, e mantenho-me firme como ruína,
sou maior, subsisto, irrito os homens úteis,
que duram apenas o quanto existem
que tudo precisam aproveitar
Querem ter certeza de que são
Servem para tudo, e servos são

Eu, senhor de mim, reino na praça
E só os bancos, solitários na mesma medida
Reconhecem minha majestade
A despeito da minha formidável indigência
E das minhas lágrimas desimportantes
Porque foram os bancos a primeiro chorar quando eu nasci
E a lamentar minhas feridas da alma
Porque fora o tempo dos bancos, das praças, de mim
Dos reis, dos senhores de si, dos livres!
O tempo é dos servos, dos felizes
E os felizes não nos suportam

Política.

Vejam só, estava nessas conversas de bar, que a maioria das pessoas acha legal e tal.

De repente surgiu a pergunta de porque que a população tinha a intenção de votar no Lula, mesmo depois dos escândalos. Essas perguntas que saem no jornal, quando o Carlos Lacerda pula do túmulo para escrever artigos.

Eu disse que poderia explicar aquilo com duas coisas: a primeira é que o lula ocupa um espaço no imaginário popular brasileiro, e a maioria (pois que se identifica com esse imaginário) não consegue odiar aquele sapinho barbudinho. A história dele parece que foi escrita num cordel.
A outra é que talvez o governo dele não seja assim tão ruim - pode até não ser bom o suficiente, mas para padrões brasileiros está a mesma porcaria.
A renda real do camarada q ganha salário mínimo aumentou, e isso no nordeste é mais que motivo para se votar em alguém.

Aí saiu na revista época um quadro que explica qual o perfil do eleitor do lula. Lula ganha de lavada nos estados do norte e nordeste, e perde, ou há empate técnico nas outras regiões; ganha entre os pobres; perde entre os ricos; ganha entre os menos educados; perde entre os mais educados. é só olhar na edição desta semana.

Além das abordagens meio elitistas que possam vir na interpretação desses fatos vale lembrar que como o Brasil não tem crescido economicamente, uma alteração na renda real da classe mais baixa vai teoricamente implicar numa diminuição da renda real das classes média e média alta . Está explicado porque ricos e bem educados não votam no lula: estão comendo sua parte da renda nacional! Eles estão é certos.

No fim, tudo é interesse.

O anticristo

O post será breve em razão do feriado.

Bem, sexta feira santa, toda aquela coisa de não comer carne.

ótimo.

Fui num restaurante próximo ao parque antártica, onde estava ocorrendo uma festa evangelica, renascer com cristo, algo do gênero. No restaurante entra um grupo de pastores, reconheci-os pelas roupas, com 90% de certeza (é aí, nesses 10%, que me chamam de preconceituoso).

Estou lá eu comendo meu bacalhau, quando um dos pastores passa no buffet, vai até a grelha de churrasco, e pega um prato inteiro SÓ de picanha.

Eu sinceramente não quero parecer dramático, mas não é que ele pegou carne e outras coisas junto. Ele pegou SÓ picanha. Foi engraçado.

Conclui que o pastor estava querendo desafiar os costumes religiosos bravamente, assim como aquele que deu um golpe de kung fu na Virgem Maria. Vai saber.

Mas pensei melhor, e vai ver ele não fez itencionalmente.

Eu tinha um familiar que era ateu e mesmo assim pensou em investir numa dessas igrejas petencostais, ser pastor. Ele não via muita contradição nisso. Vai ver é até prática comum e eu não sei. O ateu estava lá, de pastor, e foi almoçar. Que que tem de mal em comer carne?

Roteiro

Alguns dos que lêem este blog sabem que eu também escrevo roteiros para filmes de curta metragem. A tombo filmes já é quase consagrada e tal, tem filmes exibidos. Hoje colocarei um pedaço de um dos diálogos que escrevi hoje. Não vou explicara história inteira, pq só vendo o filme mesmo.

DELEGADO
Me ajude aqui Manuel, você que colocou tudo a perder, carrega esta caixa aqui (dá uma caixa para ele carregar)

MANUEL
Que nós vamos fazer ,chefe?

DELEGADO
Chefe... você é meu capanga agora? Eu não sou seu chefe, sou o delegado, você é um atorzinho que nem na revista Caras nunca saiu

MANUEL
Sai sim, na parte de flagras.

DELEGADO
Apareceu sua calcinha na foto?

MANUEL
Não, eu apareci um pouco de relance assim, do lado da Ângela que estava com o vestido decotado

DELEGADO
Ela era um pitel, não é?

MANUEL
Ô... mas nós enfiamos a faca nela! HEHE

DELEGADO
SHHH! Cale a boca. Chegamos no apartamento dele.

MANUEL
Que nós fazemos agora, chefe?

DELEGADO
Chefe é a mãe, entendeu!? Agora, nós vamos colocar a caixa bem aqui na frente da porta dele e vamos tocar a campainha. Aí nós damos no pé.

Falando de Futebol

Eu sou um apaixonado por gol a gol. Gosto de jogar de todos os tipos e com todas as regras, principalmente em pequenas quadras de salão.

O gol a gol é uma das várias brincadeiras que usam os princípios do futebol mas não são propriamente futebol. Mesmo as pessoas mais fanáticas pelo jogo coletivo nem sempre encontram quorum suficiente, ou até ficam enjoadas do jogo usual. Para isso há uma série de outras brincadeiras, cada uma estimulando um fundamento diferente do futebol. Serve muito para o aprendizado dos muleques. Muito antes deles jogarem o jogo como é jogado, eles aprendem essas pequenas brincadeiras de chutar, driblar, dominar, cabecear ou fazer embaixadas. Por isso o futebol é tão praticado no Brasil. Não existem só jogos de futebol, e sim toda uma estrutura de outros jogos preparatórios que substituem perfeitamente os outros jogos com bola que usariam a mão, por exemplo, de modo a todas as brincadeiras infantis masculinas girarem em torno de um só objetivo: aprender a jogar futebol, não só o esporte, mas toda a ética presente nele.

O gol a gol explora dois fundamentos: o chute ao gol de longe (cobrança de tiros ao gol) e a defesa desses tiros, pois o o jogador tem sobrepostas as funções de atacante e goleiro. É bom para quem não está bem condicionado fisicamente e quer pegar o rítmo, porque não há a necessidade de correr. Eu observo algumas modalidades básicas de gol a gol, "tipos ideais" (para max weber se revirar no túmulo):

1) Free for all - os dois jogadores chutam, sem limite de força, distância e sem restrições quanto ao uso da mão com o objetivo de fazer os gols. Quando os dois adversários são muito competitivos, esse jogo pode se transformar num campeonato de quem acerta a bola mais forte na cara do outro, e por isso é pouco popular pela sua falta de regras que acabam por valorizar a força e não a técnica do indivíduo, transformando-se num jogo sem propósito. Três traves ou invasão do campo adversário resultam em um pênalti.
2) Na àrea, sem mãos - Os jogadores podem chutar sem limites de força, distância, podendo usar a mão somente fora da pequena àrea, resultando num pênalti (sanção) o uso da mão dentro da área, a invasão do campo adversário e a ocorrência de três bolas na trave. É a modalidade mais comum, e por sua vez mais equilibrada, visto que o objetivo do jogo acaba sendo encobrir o adversário, cavar um pênalti ou pegá-lo de surpresa.
3) Jogo café com leite. Há restrições quanto a potência, a distância, e a colocação dos chutes, sendo lícito o uso da mão na maioria das situações. A invasão do campo adversário resulta em pênatli. Essa modalidade é jogada por crianças, ou adultos versus crianças, de modo que se um adversário é muito baixo, não vale chutar no alto nem "à queima roupa" e assim por diante. A modalidade também é inaceitável após os treze anos, em que qualquer sinal de apreço a esse sistema resulta numa grave repressão do grupo, por ser considerada uma atitude afeminada e anti-esportiva.
4) Um toque. Os jogadores se deslocam no campo todo. Cada jogador tem apenas um toque e não é permitido o uso da mão em nenhuma hipótese, resultando em pênalti o uso dela. Na Cobrança do pênalti pode-se dar dois toques para defender, sendo um com a mão e outro com o pé. É modalidade que exige mais esperteza e noção espacial da parte dos jogadores, sendo impopular e de difícil assimilação entre os mais novos.

É fácil perceber como a brincadeiras de futebol prendem os muleques desde pequenos num determinado corpo de regras, mais ou menos maleáveis, nem excessivamente restritivas, nem excessivamente desreguladas, que definirão para sempre sua conduta e reputação predominante na prática do esporte. Isso é genial para quem lê um pouco de ciências sociais.

Eu gostaria muito de um dia poder explicar a minha visão sobre o futebol no Brasil . A ética futebolística é a mais perfeita e aplicável que existe, não sendo nem a mais pura nem a mais perversa. É simplesmente aquela que fez do brasileiro, onde se aplicou, o melhor do mundo e insuperável, inalcansável.

A Culpa de Não Ser Revolucionário

Vocês devem perceber ao lerem minhas besteiras aqui que meu estilo de escrever é até bastante comvencional. Convencional porque ele não vai além de uma certa lógica racional de escrever, isto é, eu não pretendo fazer aqui nada mais do que transmitir meus pensamentos para uma tela de computador. Escrever, para mim, sempre será um meio.

Não tomei uma posição estética, estilística ainda. Em alguns momentos, reconheço, bate uma certa culpa de não estar acompanhando uma suposta vanguarda, de não adotar os padrões correntes da literatura e da postura conhecida como transgressora.

Não vou dizer que não me aflige essa dura realidade. Não vou dizer que não seria muito cool saber escrever umas frases pós-modernas, descompromissadas e revolucionárias. Não vou dizer que não seria melhor eu demandar a destruição de tudo o que é "tradicional e bem estabelecido".

Às vezes eu até tento seguir esse paradigma, depois sinto-me ridículo.
É um olhar no espelho e se ver como alguns pseudo-transgressores dos anos sessenta, que depois viriam a moralmente virar a casaca.

"Como são uns caras de pau!", penso.
Eu não quero ser um cara de pau. Se minha velhice for bem perfumada com cheirinho de alfazema eu gostaria de pelo menos não danar essa vida de conforto, típica de um bunda-mole, para depois ficar me desdizendo com cara de idiota.

Creio sim ter alguma raiva cômica em estado embrionário (vide segunda parte do último post), contra a sociedade. Mas minha percepção do status quo é outra, diferente da usual. Não tenho raiva da Igreja, nem da autoridade, nem daqueles seres de espírito capitalista clássico (estrturas sólidas da realidade). Tenho raiva é de ouvir certas máximas de senso comum, como "temos que viver intensamente", "temos que viver cada momento", "não devemos nos arrepender de nada", "temos que mudar sempre" todos esses imperativos sobre o que deve ser e como se deve viver a vida, também me enraivece toda essa máscara que o mundo corporativo se coloca, essa coisa de fazer ioga e meditação budista depois de cortar 30% dos custos fixos da empresa, postura quase inversa da austeridade cruel (e repreensível) porém sincera dos antigos capitalistas. Em suma também, essa predisponibilidade geral para parasitar na sociedade. O stablishment é mais maleável do que imaginamos. Ele está nos pequenos detalhes irritantes da sociedade. É nisso que minha percepção se difere.

É triste ver que a transgressão vulgar não buscar romper os valores e posturas menos nobres e menos caracterizadoras do espírito humano. Ao contrário, elas contribuem para a sua afirmação. Então não é transgressão, é o contrário. Por vezes vejo martelarem numa mesma tecla, como se aquele assunto já não tivesse sido superado ou virado um algo estabelecido. É a forma mais perigosa de conservadorismo, quando ele se manifesta somente na forma de contestação.

Muitos podem estar vendo aqui um pedido de aos valores que o senso comum facilmente classificaria como conservadores, num raciocínio simples: "Se a contestação é conservadora, o conservador é a contestação. " No entanto, há um outro espaço além desses dois, no campo das idéias, que certamente já está reservado. Resta só saber se o futuro virá ou não.

Pesadelos Modernos

Cair de um abismo eternamente? Ser assaltado por ladrões?

Não é nada ter pesadelos como esses. Eu não os acho marcantes, eu nunca senti medo deles.

Vou dizer o que é pesadelo de verdade quando contar esse último que tive e que repetiu-se algumas vezes. Nele eu estou de frente a um caixa eletrônico e olho na tela um teclado virtual e a ordem para digitar minha senha. Digito, e logo vem a pergunta: "Qual sua frase preferida?" Respndo. Aí vem outra pergunta: "Qual suas duas letras preferidas?" Digito. "Qual sua comida preferida?" Digito. "Em que você está pensando AGORA?". Digito. A próxima tela: "O que é o que é, tem chapéu, mas não tem cabeça, tem boca mas não fala, tem asa mas não voa?". Penso... Digito: Bule. A tela agora mostra uma figura abstrata: "Você consegue reconhecer um cachorro neste figura?". Digito sim. "Porquê?". Ajoelho e começo a chorar. Grito em agonia: "eu só queria tirar 20 reais, eu só queria tirar 20 reais, Eu só queria tirar 20 reais!". O sonho se acaba.

Assustador, não?
Essa frase me martelou a cabeça o dia inteiro.

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Sonhos tem muitos aspectos engraçados. Têm aquela velha suspeita de que a vida não existe e somos apenas atores coadjuvantes de um sonho do pipoqueiro em frente a nossa casa. Uma vez contei dessa suspeita a um colega. E ele disse que viver a realidade e esse sonho seria a mesma coisa já que o sonho nos pareceria real da mesma forma. Eu discordei na hora e contei de um sonho bastante comum em que eu começava a dar socos e pontapés em todos os amigos da escola, de forma que eles faziam uma fila indiana para apanhar de mim que nem aquela cena dos zumbis da casa de áries no Cavaleiros do Zodíaco. O meu ponto era exatamente esse: Aquela era minha forma de agir padrão nos sonhos, visto a constante ocorrência dessa mesma cena várias vezes. Se estivéssemos participando de algum sonho ele certamente perceberia uma mudança de comportamento de minha parte. Por isso faria toda a diferença, eu seria outra pessoa, certamente com um ar maior de libertador, de herói.