A sociedade ideal seria aquela em que cada pessoa pudesse fazer e ser aquilo que gosta e é melhor. Sem interpretar papeis, de pai, empregado, chefe, consumidor. Simples assim.
Tenho um amigo, por exemplo, que é bom em fazer churrasco. Hoje numa reunião de amigos tivemos certeza disso. Ele parece colocar uma ordem cósmica em tudo o que está na churrasqueira. De uma hora para outra, precisam ver, as carnes melhores e as piores, antes com algumas richas em questão (uma por ser boa demais para dividir a grelha com a outra, e a outra ressentida e raivosa com o desaforo), festejam em consonante harmonia a sua subordinação e resignação ao mago churrasqueiro. Se entregam de corpo e alma pelo bem comum.
E então, como numa atmosfera de mágica e fantasia, quando o churrasqueiro sai para jogar baralho, tudo aquilo que parecia lindo, brilhoso, bom de se ver, vai pelo ralo. Na mesma velocidade a churrasqueira perde tudo de sagrado que tinha, e vira caos, morte, destruição, retalhos de carne, linguiças deformadas.
Mas também nisso há um ciclo. Os cidadãos amantes de churrasco, inconformados com a profanação de sua cultura , pedem urgentemente a volta aos valores tradicionais. o Conservadorismo é a caracteristica que impera. Não é mais possível tolerar a deturpação de tais valores tão importantes às gerações. Mas e se não tiver mais volta? e se for o fim de tudo? Estaremos condenados eternamente aos pedaços de picanha que de tão modestos e nada macios parecem de contra-filé?
Eis que se ouve, sombria e fofa, o som das pegadas do Salvador. Os trovões caem dos céus e reacendem a brasa que arde em nossas almas, e também o carvão. As flores desabrocham! as carnes se rearranjam! Os passaros cantam e são os arautos da boa nova! Os homens se curvam diante do grande MIstério, e choram de felicidade! Tomados por uma alegria incomensurável, põe-se a dançar e a festejar o renascimento, a festa da vida!
Pois não haveria vida, sem morte.
Entoam ao Salvador com um tapinhas nas costas:
- Aê! Voltou! finalmente!
Sunday, July 02, 2006
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