Sunday, July 02, 2006

A ditadora e o Idiota

Cedo a tentação de falar sobre relacionamentos. Prometo que não andarei por esses caminhos duvidosos a que se jogam os roteiristas de filmes e seriados de TV para solitários em NY. Queria expor unicamente uma idéia e uma situação que ocorre do desdobramento dessa idéia. Algo simples, como deve ser.

Se há uma máxima válida quanto à relação homem/mulher, ou outras combinações modernas, é esta (por mim formulada): "Há 4 mil anos, os humanos se relacionam e tentam decifrar um código perfeito para uma vida harmoniosa consigo e com os outros,. Não tenha a pretensão de descobrir algo novo e acreditar que vá dar certo. Por isso use o mandamento único, que serve para quase tudo na vida: 'Não reinvente a roda'.

Em se tratando de relacionamentos, esse é o único mandamento legítimo.
Seja um chavão ambulente, use o máximo de clichês comportamentais que você identifica no seu meio social. Só ássim você será compreendido e terá a certeza de receber as reações previsíveis de que precisa para administrar o que se deve administrar.

Entretanto, uma falha na cadeia de ações provoca um imprevisível desastre na cadeia de reações, e tudo vai por água abaixo.

A seguir coloco uma conversa entre duas amigas que eu ouvi, não me lembro aonde, em que na primeira leitura, pode-se até ver traços de irracionalidade e insanidade, mas interpretando com cuidado faz total sentido. Elas comentam sobre uma atitude incomum, embora "exemplar", de um namorado, e pelo diálogo se percebe o estado mental a que essa ação levou:

- Ai. Eu não aguento mais. o Oswaldo está me deixando nos nervos
- homens... que aconteceu?
- ah, ele sempre vai aonde eu quero ir
- como assim?
- ah, sempre que combinamos de sair ele sugere algum lugar, ai eu digo que preferia ir para outro, e ele aceita.
- mas você então quer que ele seja firme, e a faça aceitar a sugestão dele?
- Não, até parece, eu namorar com um machão cantando de galo
- então não entendi
- Ai sabe, as vezes eu queria poder gritar com ele e dizer "Vamos aqui e pronto!". Mas ele aceita muito facilmente.
- é mesmo. tem que brigar as vezes, mostrar quem é que manda.
- isso! se ele sempre me obedecer voluntariamente, ele nunca vai saber q eu estou no comando, porque ele vai pensar "eu preferi a sugestão dela também"


enquanto ouvia, xingava o gênero feminino: "Bando de ditadoras." Passeiam com o cachorro, mas esperam eles se afastarem da dona para sentirem a corda amarrada no pescoço. E sentem prazer nisso.

Só depois, pensando em casa, que eu fui descobrir que a culpa era do namorado mesmo, aquele idiota altruista (a máscara de bonzinho não me engana), que não seguiu os padrões de comportamento compatíveis com um homem de nossa sociedade;

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