Sunday, July 02, 2006

Algumas Idéias.

Estamos na semana do carnaval, mas eu nunca falaria sobre esse feriado ridículo.
Nesse momento, ao escrever aqui neste blog, faço um esforço tremendo para não ceder a tentação de dissertar longamente sobre as minhas razões de não gostar dessa festa popular, embora elitista, e alegre, embora deprimente.
Se há algo de positivo nesse feriado, é que ele é um paradoxo em si, como tudo na vida.
O problema é que quando você tenta se controlar para não falar sobre algo que você adoraria falar, é obrigado involuntariamente a discorrer sobre o assunto pelas beiradas.
Eu bem lembro de uma ocasião em que conversava com uns amigos e defendia o ponto de que a felicidade não possui nenhum significado, que ela não passa de uma das amarras que o próprio ser humano se coloca. Ninguém gosta de ouvir que o único sonho que vale a pena (ser feliz) é uma completa farsa. Elas preferem retrucar: "então quer que sejamos tristes?". Ora, seja o que você quiser, mas não se engane.
Sendo um ser humano, é inevitável termos que sentir todo o tipo de emoção. Não é razoável desejarmos viver felizes, quando isso se torna um fardo da vida. "ser completamente feliz". Para mim, isso é abdicar da liberdade de aceitar todos os sentimentos da vida. Atrás desse imperativo, as pessoas fazem loucuras, e perdem a serenidade que precisam diante dos acontecimentos. Compram bens, e enchem a sua dispensa de felicidade, e sem querer passam a quantificá-la. Querer ser feliz é em última instância, calcular o QUANTO se é feliz. Perde-se a lógica fundamental da vida, que é dada sempre qualitativamente.
Entãop me perguntam: "qual deve ser o objetivo do ser humano, para ele evitar de aprisionar a si mesmo?". A minha resposta é: Se você é um prisioneiro e tenta sempre se libertar (caminhando do menos livre para mais livre, mas nunca totalmente livre), e o seu colega de cela é também prisioneiro, mas constroi nela um complexo de lazer completo (tv a cabo, jacuzzi, microondas), você que tenta se libertar certamente é mais infeliz, mais angustiado, mas é o seu objetivo, e nao o dele, o mais apropriado.

Por quê? Por que é o único objetivo que pode te transferir da situação primordial de aprisionamento. Esta é a situação que importa e que as pessoas precisam reconhecer: Você começa prisioneiro. O resto são acidentes de percurso.

E por se libertar entendo ficar sempre atento à gravidade do mistério da vida, elevar o espírito humano, não ignorar a vontade, criar uma consciencia da humanidade, e sempre que possível contribuir para a civilização. Em suma: "ter na vida o interesse de um decifrador de charadas".


*o objetivo de se libertar é o único que não nos aprisiona ainda mais.

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