Sunday, July 02, 2006

enquanto estamos no feriado e nada acontece.

Eu nunca fui bom em desenhar. Era muito dificil para mim entender isso nos primeiros anos da escola, afinal o mínimo que se tinha que fazer era isso.

Eram minhas as menores notas de artes, figuravam uma mancha negra no meu boletim. Ainda eu achava que compensava a falta de habilidade em pintar e desenhar, quando ao menos sabia um pouco melhor recortar e colar. Doce engano. Meus trabalhos tinham a total reprovação de meus professores.
Não que eu levasse essa reprovação de alguma forma traumática, mas sim ficava com raiva do fato de que aquilo era o que davam maior importância na escola. E justo nisso eu era ruim.
Meus padrões artisticos também eram bastante baixos. Apenas em quatro ocasiões meus trabalhos foram medíocres, isto é, não foram horríveis como de costume, e estão bem guardados até hoje com muito orgulho num plástico num lugar especial.
Tenho um grande amor por aqueles trabalhos, um apego que vai além do apego que sempre tive pela minha infância. Pus ali (no inconsciente de meu esforço) a essência da minha postura diante da vida. Eles não são apenas a minha inteligibilidade colocada a uma finalidade estética, pois a minha inteligibilidade só conseguiria fazer trabalhos desastrosos e sempre foi assim. São primariamente resultado de uma vontade de impressionar os outros que os fossem ver, e exemplos de como pude ultrapassar minha deficiência através de um esforço que envolveu a própria negação dos meus limites reais. São um fingimento (e só eu e eles sabemos disso). É preciso fingir para quebrar a representação do mundo e ir mais longe do que se pensa. Até hoje, no que faço, procuro essa forma de me superar.

Talvez a relação de amor/ódio entre o artista e sua obra seja o elemento mais importante na arte. É esse vínculo, quase real e parental, um caldeirão de sentimentos contraditórios, que traz o traço humano intempestivo à produção estética. É nele, pois, que se comprova a existência dos dois (um é parte do outro). é uma das maiores criações da humanidade.


Se eu pudesse mostrar a caricatura que faço do Charles Chaplin, vocês iriam entender.

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