Às vezes é bom falar de pequenos detalhes que mostram qual o direcionamento da nossa política econômica.
O governo decidiu mais uma vez em favor dos bancos. O aumento do redutor na taxa referencial (TR) quer dizer que todo mundo que tem poupança passará a ganhar menos em rendimentos. Vale lembrar que também todos os trabalhadores serão prejudicados, já que o FGTS (fundo de garantia por tempo de serviço) também é corrigido pela TR.
Havia um medo de que com a diminuição dos juros a poupança passase a competir com outras oportunidades de investimento, mais lucrativas para eles.
Significa dizer que os bancos tinham um problema de mercado decorrido da redução dos juros, e que o governo não tinha nada a ver com isso. Os bancos teriam que melhorar suas taxas de administração, que são bastantes altas. Por que será que o governo tomou as dores das instituições bancárias?
Agora com a poupança sendo menos rentável, as outras alternativas de investimento mais lucrativas aos bancos continuam sendo preferidas, e não há pressão para a diminuição das taxas de administração. O preço é pago por quem investe na poupança e por quem trabalha.
Ora, é salutar como alguns orgãos de imprensa e o governo tomaram a questão. A único benefício social desta redução é que quem faz financiamento para a casa própria (as prestações são corrigidas pela TR), pagará menos. Alguém poderia dizer que é um bom sinal, que o governo está ajudando as pessoas, como disse Lula. Mas duas observações devem ser feitas:
O universo prejudicado é muito maior do que a soma daqueles que dependem de um financiamento da casa própria. E além do mais, se o FGTS, que também é usado para financiar políticas públicas habitacionais, terá menor rendimento, então na soma social o saldo é negativo também para a habitação.
É lamentável que um governo apresente tamanho servilismo diante de certas questões. O Interfere então em questões de mercado para salvar o único setor que talvez não apresente problema nenhum de sustentabilidade.
Saturday, March 10, 2007
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