Sunday, September 16, 2007

Sobre estar na contramão

"Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria."


É sempre bom relembrar o velho Camões. Os sonetos são a forma poética mais lógica e racional, portanto, um bom soneto de amor é sempre estranho (no bom sentido de estranheza) para quem lê. É Estranho, mas ainda assim muito melhor que os poemas do romantismo, que são sofríveis. Difícil achar um bom. Mesmo gostando de Álvares de Azevedo, por várias vezes durmi no meio de seus poemas falando de virgens dormindo de seio nu.

Hoje, nos livramos do romantismo, mas esquecemos que o amor sem ser romântico ainda pode ser amor. E que o romantismo, quando tiramos as virgens dormindo de seio nu, não é nada importante, mas um acessório que torna a vida mais bonita.

Aceitar o amor e a paixão pelo outro como uma parte da vida, e algo a se buscar, e até a se priorizar, não trocar por nada, e um elemento indispensável para a obtenção do belo, é como estar na contramão do que se diz por aí. Os jovens, quando muito, aceitam às pressas, mas logo abandonam essa idéia, quando sofrem por isso e etc, depois dizem-se maduros. Ao contrário, creio que a maturidade é atingida apenas quando os indivíduos percebem essa escolha de forma lúcida, duradoura e serena, apesar dos contratempos.

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