Friday, June 01, 2007

Decretos do Serra

É lógico que eles restringem a possibilidade da universidade gastar, ou aumentar gastos, pelo menos os aumentos terão maior controle. Tem gente que tem isso como uma descoberta brilhante. Mas não entendo como usam como um argumento para a greve, e não serve como argumento a menos que se introjetem alguns juízos de valor:

a) é bom para a sociedade que a universidade amplie os gastos
b) o governo ao desejar controlar os gastos da universidade está fazendo mal a ela.
c) a greve é a melhor estratégia política de pressão para obter a revisão dos decretos
d) as greves períodicas não afetam a qualidade do ensino, enquanto que os decretos sim.

Por mais que nos sintamos tentados a concordar com estes juízos de valor, estes são plenamente discutíveis e é por isso que venho chamando atenção para o fato:

a) ampliar os gastos significa diminui-los em outras áreas, se se quer (e se deve por imposição legal) respeitar a lei de responsabilidade fiscal.
b) A universidade é financiada por impostos regressivos e possui uma clara desigualdade no acesso, de modo que não cumpre totalmente seu papel social, e também não forma elites dirigentes. Universidade pública não é senha secreta para abir qualquer cofre, ingênuo é quem o pensa.
c) a universidade não é um serviço público vital, portanto sua paralização demora meses para chamar a atenção e ter eficácia, ao passo que a universidade tem outros meios políticos de fazer pressão, muito mais eficazes, aliás, estes que vão dar solução ao impasse.
d)As duas ações tem relação direta e negativa com a qualidade do ensino, e com a formação acadêmica dos alunos.

Isto nos dá alguns instrumentos para levantar algumas dúvidas (cartesianas) benéficas e corrigir o rumo deste movimento. A assembléia é hoje.

1 comment:

Renato Siviero dos Santos said...

b) As universidades públicas têm 10% do orçamento do governo do Estado; Habitação (ou seja, casa para pobres) tem 1%.

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c) A greve é um instrumento de imposição de perdas.

Inicialmente, se impunha as perdas ao patrão; na Universidade, impõe-se perda aos usuários, ou seja, os alunos.