Um lugar vago, finalmente o achara. Sentara naquele banco e sentira pairar o silêncio por todo vagão. Ao contrário do ônibus onde é normal conversar alto com outras pessoas, no metrô esse costume não vingou. Lógico que alguns mantêm velhos hábitos, mas o metrô, desde o início, foi um verdadeiro expoente da modernidade, e com ela toda a individualidade, o charme do anonimato cosmopolita. O metrô foi um dos primeiros locais da cidade a ter escada rolante, e é impossível imaginar a grande expectativa das pessoas em torno de um invento como esse. Nos primeiros dias de operação as filas eram enormes para poder usar aquele presente da tecnologia, uma escada em que não se precisasse fazer esforço para subi-la.
E ali estava, sentado em seu banco marrom, olhando para os rostos das pessoas e para os reflexos dos rostos delas, nos vidros das janelas, sugando o que podia sugar do privilégio de ser indivíduo. As pessoas se entreolhavam sem parar, os seus olhos não paravam quietos. Em poucos minutos obtinha-se uma impressão completa de grande parte das pessoas que estavam no vagão.
Do seu lado não havia ninguém. Estava até vazio para aquele horário. Esperava que nas próximas estações mais gente haveria de se sentar, talvez ao seu lado. E tendo analisado involuntariamente cada pessoa próxima, por um momento viu-se sozinho e lembrou-se daquela música que compusera mentalmente. A música tinha um som de uma flauta e combinava com o apito do metrô quando chegava a uma estação. Mas foi intrrompido:
- Com licença.
- Ah sim. Deixou que uma moça sentasse ao seu lado.
Estranho, ela carregava consigo um caderno, e assim que sentou começou já a fazer anotações. Que palavras estará escrevendo? Ficara curioso e passou a esticar um pouco o pescoço, de modo a tentar ler suas frases. Sua cabeça quase invadia o espaço individual de ar reservado para aquele assento. Isso era perigoso. Sua visão não era boa e seu interesse por ler aquilo diminuía a cada instante em que olhava para o rosto lindo e alvo da moça. A inicial vã curiosidade, na verdade, em poucos segundos transformou-se numa vontade inexplicável de ver-se percebido por ela, que apesar de compenetrada no assunto que escrevia, não deixou de perceber os olhares para o seu caderno. Ela hesitou um pouco em responder com um outro olhar, afinal ele não tinha caderno, não era a mesma coisa olhar de volta a seus olhos.
Foi sem querer, entretanto, que desviou uma olhada rápida para ele, mas logo se envergonhou e virou o rosto. Alberto não conseguiu mais pensar em nada, e tentou segurar uma palavra que já escapara muito antes que pudesse tê-la evitado:
- Oi. - O sorriso custou a sair.
- Oi. - Respondeu.
Uma saudação curta, mas que não poderia transbordar mais sentimento, dada a frieza daqueles dois corpos. Aquilo não deveria jamais ter acontecido, era um deslize grave, um engano. Deveriam sim ter ficado apenas nos olhares como se faz normalmente todos os dias. E imediatamente perceberam a tragédia. Estavam apaixonados, amarrados, ligados para sempre, mesmo que nunca mais se encontrassem, porque sentimento não tem nem precisa de memória. Não! Não em plena atualidade dos homens passantes e bem protegidos. Deixar escapar um erro desses era imperdoável, um aprofundamento inconveniente do mistério da vida.
Podia tê-la conhecido e se apaixonado num lugar em que era permitido, numa festa, num bar com os amigos, não no metrô, nesses lugares dedicados à rotina de cada dia, isso era definitivamente um engano, uma atitude infâme. A sociedade é muito mais restritiva do que se imagina. Ele não podia ficar parado, tinha de corrigir.
Tentaria se redimir do erro levantando de seu banco e descendo na próxima estação. De certo o faria, contanto que não se despedisse. Não lhe daria nem mais um olhar, não daria mais chances. Era a única oportunidade que tinha de impedir um eventual reconhecimento num outro lugar, numa outra hora, nesses momentos em que qualquer que seja a probabilidade certos eventos sempre ocorrem. Aí sim estariam perdidos.
Desceria na próxima estação onde descansaria um pouco. Ali sim poderia sonhar com o amor que perdeu, com o rosto lindo daquela moça. Antes pudesse ver o amor distante, ,enfeitá-lo, e então se arrepender de não tê-lo vivido, do que vivê-lo, apenas vivê-lo e nem pensar nisso.
O som se inicia e abrem-se as portas, ele tão compenetrado em fugir, mal ouve o pedido dela:
- Com licença, eu desço nesta estação.
E agora? Ele não havia pensado nessa hipótese, não estava preparado. Simplesmente não tinha resposta alguma. E, por acaso deveria ter? A moça insistiu:
- Licença moço.
Alberto não podia descer com ela. Se ela fez o contrário que pensava, ele deveria fazer o contrário do contrário, já que deveriam se separar. No entanto ouve um som finíssimo, quase imperceptível. Mas que depois de ter sentido profundamente tanto amor em seu peito, mais do que sentiu em toda sua vida, entendeu tudo, tudo o que a fala dizia:
- Tchau. Disse ela quase não pronunciando o “u”.
Mais uma vez, ele sente um impulso incontrolável, afastando-o ainda mais da razão:
- Espere, eu vou com você.
Com você? Não bastava o desastre que fizera, agora a reconhecia como uma pessoa, uma pessoa mesmo. Bem, estava feito. Não havia volta. Ele, Alberto, e aquela moça, que se chamava Clara, desceram naquela e nas outras estações que ele tinha planejado passear. Dizia ela ter esquecido até para onde ia depois que conheceu Alberto, mas mais certa é a versão de que ela não iria a lugar nenhum e simplesmente não havia razão para ela ter tomado o metrô naquela hora, nem para ter pegado seu caderno e começado a escrever do lado dele.
Monday, July 24, 2006
Thursday, July 13, 2006
poesia cotidiana
Hoje, comi uma coxinha,
Estava muito boa
Tinha muita carne
E me caiu muito bem
Para que o dia fosse feliz
Só faltou pimenta
Sempre a pimenta
Monday, July 10, 2006
A beleza e a capitulação
A desistência e a rendição são subvalorizadas.
Esse pensamento lembra-me de um documentário que vi quando um ex-general americano da segunda guerra mundial contava sobre a época da rendição das tropas alemãs, em que encontrara um general alemão e recebeu dele uma arma de presente. Este último, ao apresentar a rendição de seus soldados, teria dito a ele que a pistola a qual lhe estava dando de presente nunca dera um único disparo se quer, e era o símbolo de como qualquer conflito deveria terminar. Nenhum de seus soldados morreram e todos puderam voltar as suas famílias.
Admiro a coragem mais do que qualquer virtude. Desistir por vezes é uma covardia. Mas naquelas vezes em que desistir é se recusar a participar de um jogo estúpido, e se servir para esvaziar de legitimidade uma postura desumana, digam que sou anti-herói, digam que fujo da vida. Sei que no fundo é lá que me aproximo de viver, porque viver é ter coragem, é capitular.
Esse pensamento lembra-me de um documentário que vi quando um ex-general americano da segunda guerra mundial contava sobre a época da rendição das tropas alemãs, em que encontrara um general alemão e recebeu dele uma arma de presente. Este último, ao apresentar a rendição de seus soldados, teria dito a ele que a pistola a qual lhe estava dando de presente nunca dera um único disparo se quer, e era o símbolo de como qualquer conflito deveria terminar. Nenhum de seus soldados morreram e todos puderam voltar as suas famílias.
Admiro a coragem mais do que qualquer virtude. Desistir por vezes é uma covardia. Mas naquelas vezes em que desistir é se recusar a participar de um jogo estúpido, e se servir para esvaziar de legitimidade uma postura desumana, digam que sou anti-herói, digam que fujo da vida. Sei que no fundo é lá que me aproximo de viver, porque viver é ter coragem, é capitular.
Friday, July 07, 2006
Meus planos não tão nobres.
Saiu hoje o resultado de um concurso literário o qual tinha inscrito um texto de ficção. Como era de se esperar de um escritor iniciante ridículo e infâme como eu meu texto não foi nem selecionado.
Reparem que quando digo infâme e ridículo falo com uma enorme sinceridade de mim mesmo. convivo muito bem com isso tirando os socos que dou no ar de vez em quando.
Há outras coisas que me deixam triste de verdade. mesmo essas eu aceito com um sorriso trêmulo mas cordial.
No concurso do ano que vem verei se inscrevo umas poesias para variar um pouco. Mesmo nos fracassos há de se sair da rotina.
E que "ninguém me dê piedosas intenções, ninguém me diga vem por aqui".
Reparem que quando digo infâme e ridículo falo com uma enorme sinceridade de mim mesmo. convivo muito bem com isso tirando os socos que dou no ar de vez em quando.
Há outras coisas que me deixam triste de verdade. mesmo essas eu aceito com um sorriso trêmulo mas cordial.
No concurso do ano que vem verei se inscrevo umas poesias para variar um pouco. Mesmo nos fracassos há de se sair da rotina.
E que "ninguém me dê piedosas intenções, ninguém me diga vem por aqui".
Tuesday, July 04, 2006
Os excessos de nosso mundo (culinário)
Acho infundado esse fanatismo por chocolate. Chocolate é bom, eu entendo e não discuto. Mas esses dias estava num aniversário e serviram um bolo de chocolate com chocolate demais. Não dá. Alguém há de dizer a essas pessoas que por mais que todo mundo goste de chocolate, se colocarmos demais o bolo fica com gosto de chocolate em pó, nescau, toddy.
Mas nosso mundo é assim, quando gostamos de algo temos que enxarcar a vida disso senão não estamos aproveitando corretamente e então nos queimam em fogueiras.
Vá ao mercado municipal e peça aquele sanduiche inescrupuloso de mortadela. A mesma coisa. Alguém tem de dizer isso, alguém tem de levar a fama de cri cri: aquilo lá é um exagero.
Mas nosso mundo é assim, quando gostamos de algo temos que enxarcar a vida disso senão não estamos aproveitando corretamente e então nos queimam em fogueiras.
Vá ao mercado municipal e peça aquele sanduiche inescrupuloso de mortadela. A mesma coisa. Alguém tem de dizer isso, alguém tem de levar a fama de cri cri: aquilo lá é um exagero.
Sunday, July 02, 2006
Tempo Livre.
Aproveitei o tempo livre para mudar de blog. Este parece-me mais legal.
Quem estiver lendo pela primeira vez, que seja bem vindo.
Eu não vou falar da Copa do Mundo não. Pelo menos não hoje.
Esperarei passar o domingo até que me venha algo a cabeça.
Quem estiver lendo pela primeira vez, que seja bem vindo.
Eu não vou falar da Copa do Mundo não. Pelo menos não hoje.
Esperarei passar o domingo até que me venha algo a cabeça.
comentário autobiográfico
Senti que o velho Diogo de sempre volta de vez em quando pra dar palpite em uma ou outra besteira da vida. Eu acato salutarmente.
Nos últimos dias fui tentado a escrever toda sorte de coisas agradáveis, politicamente utópicas, intimamente revolucionárias. À minha maneira sempre, ou à de um velho Diogo não tão melodramático.
Às vezes é bom aceitar que certo romantismo com as coisas não faz mal. Seja o que for, até para passar por sonhador, ou alguma palavra que se aproxima a isso e não me vêm à cabeça. Sonhador não é a palavra correta, nunca é, porque sugere neblina, fumaça.
Nos últimos dias fui tentado a escrever toda sorte de coisas agradáveis, politicamente utópicas, intimamente revolucionárias. À minha maneira sempre, ou à de um velho Diogo não tão melodramático.
Às vezes é bom aceitar que certo romantismo com as coisas não faz mal. Seja o que for, até para passar por sonhador, ou alguma palavra que se aproxima a isso e não me vêm à cabeça. Sonhador não é a palavra correta, nunca é, porque sugere neblina, fumaça.
Sobre a abstração na política
há de se separar política de políticagem. Assim como a desigualdade entre os homens e o não reconhecimento formal dessa desigualdade no dever de isonomia do Estado.
precisamos perceber que uma coisa é a representação do nosso sistema democrático burguês, claramente uma abstração, algo que fica no plano das idéias. à outra é a realidade empírica desse sistema. Ninguém vai negar que a distância entre um e outro é do tamanho do universo, mas não é só isso. Essa representação torna-se um artifício retórico para impedir que mudanças estruturais ocorram e possam limitar os vícios do sistema real.
A idéia então toma vida própria e sai por aí justificando o que existe, mesmo que seja injusto e vicioso. É por isso que há tantas dificuldades em formular formas alternativas de participação política. Ronda sempre o perigo da destruição dos valores democráticos, que são realmente o que de mais valoroso se fez na humanidade. Mas que mau ofício a que se presta! Defender a realidade exploradora!
precisamos perceber que uma coisa é a representação do nosso sistema democrático burguês, claramente uma abstração, algo que fica no plano das idéias. à outra é a realidade empírica desse sistema. Ninguém vai negar que a distância entre um e outro é do tamanho do universo, mas não é só isso. Essa representação torna-se um artifício retórico para impedir que mudanças estruturais ocorram e possam limitar os vícios do sistema real.
A idéia então toma vida própria e sai por aí justificando o que existe, mesmo que seja injusto e vicioso. É por isso que há tantas dificuldades em formular formas alternativas de participação política. Ronda sempre o perigo da destruição dos valores democráticos, que são realmente o que de mais valoroso se fez na humanidade. Mas que mau ofício a que se presta! Defender a realidade exploradora!
Poema - 3
é antigo. de uns 2 anos atrás. Interpretem como bem lhes aprouver.
Cirurgia Plástica
Quis certa vez, e queria hoje
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz
Assim alguém poderia tirar uma foto
para eu botar num quadro, emoldurado
Colocaria na Internet, talvez
Minha imagem ficaria ótima
Pareceria mais jovem
Alegre, amigo, despreocupado,
E de certo esconderia deles um pouco de mim
A fotografia teria a graça,
A leveza de um dia ensolarado
E também mistério
A benção de um ser escolhido...
Puxa! Como eu queria, deus,
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz
E então eu olharia para ela vesgo
Rindo, rindo incontrolavelmente
E tudo isso sairia na foto
Como se aqueles poucos segundos
Fossem o ápice da minha felicidade
E seriam, essa seria a minha fotografia!
Aquela que só eu teria, finalmente a encontrara
Faria com ela o diabo
Eu a colocaria em preto e branco
Em tons de amarelo, azul, verde
Deixaria embaçada, escura , brilhante
E mandaria imprimir milhares delas
Para entregar a todos que me conhecessem
E eles me invejariam, dizendo que talvez no fim da tarde
Pediriam a deus para que isso acontecesse a eles
Ah como eu queria,
Mas como eu queria
Que uma borboleta pousasse agora
Bem na ponta do meu nariz
Mas ela nunca vai conseguir
Meu nariz é pontudo demais
Cirurgia Plástica
Quis certa vez, e queria hoje
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz
Assim alguém poderia tirar uma foto
para eu botar num quadro, emoldurado
Colocaria na Internet, talvez
Minha imagem ficaria ótima
Pareceria mais jovem
Alegre, amigo, despreocupado,
E de certo esconderia deles um pouco de mim
A fotografia teria a graça,
A leveza de um dia ensolarado
E também mistério
A benção de um ser escolhido...
Puxa! Como eu queria, deus,
Que uma borboleta pousasse
Bem na ponta do meu nariz
E então eu olharia para ela vesgo
Rindo, rindo incontrolavelmente
E tudo isso sairia na foto
Como se aqueles poucos segundos
Fossem o ápice da minha felicidade
E seriam, essa seria a minha fotografia!
Aquela que só eu teria, finalmente a encontrara
Faria com ela o diabo
Eu a colocaria em preto e branco
Em tons de amarelo, azul, verde
Deixaria embaçada, escura , brilhante
E mandaria imprimir milhares delas
Para entregar a todos que me conhecessem
E eles me invejariam, dizendo que talvez no fim da tarde
Pediriam a deus para que isso acontecesse a eles
Ah como eu queria,
Mas como eu queria
Que uma borboleta pousasse agora
Bem na ponta do meu nariz
Mas ela nunca vai conseguir
Meu nariz é pontudo demais
PCC
Colocar o crime organizado como produto da exclusão social é um equívoco. Também é um engano ver organizações criminosas como preenchimentos de um vazio deixado pelo Estado. Costuma-se usar a exclusão como um coringa, que explicaria todas as mazelas do Brasil. é preciso haver cuidado no uso desses conceitos.
Itália, Russia, Japão são países com um crime organizado mundialmente reconhecido: o japão tem uma ótima distribuição de renda, a rússia é um ex-pais socialista, e a itália no século XX consolidou sua reforma agrária.
Quem relaciona crime organizado com os movimentos de resistência, como a intifada, está fazendo um dos raciocínios mais absurdos que se pode fazer. afinal, o PCC não apresenta alternativa política e inclusive se mistura com os políticos do status quo.
O crime organizado surge quando há viabilidade econômica e permissividade nas leis, impunidade. Não tem nada a ver com exclusao social.
Exclusão social pode até gerar crime, mas daí a ele se tornar organizado é outra história.
Itália, Russia, Japão são países com um crime organizado mundialmente reconhecido: o japão tem uma ótima distribuição de renda, a rússia é um ex-pais socialista, e a itália no século XX consolidou sua reforma agrária.
Quem relaciona crime organizado com os movimentos de resistência, como a intifada, está fazendo um dos raciocínios mais absurdos que se pode fazer. afinal, o PCC não apresenta alternativa política e inclusive se mistura com os políticos do status quo.
O crime organizado surge quando há viabilidade econômica e permissividade nas leis, impunidade. Não tem nada a ver com exclusao social.
Exclusão social pode até gerar crime, mas daí a ele se tornar organizado é outra história.
continuidade dos serviços públicos?
As empresas de ônibus de são paulo não poderiam ter retirado seus ônibus de circulação. Não importa que haja risco de perder o patrimônio. O contrato administrativo é bem claro em sempre assegurar a continuidade dos serviços públicos. Se estava ocorrendo incêndios e destruição de ônibus, as empresas deveriam continuar a operar nas linhas e a administração pública deveria indenizar as empresas mais tarde, se houvesse perdas patrimoniais.O que não podia ter acontecido era a cidade ter ficado ainda mais caótica, num momento em que isso não poderia acontecer. Esse foi um dos maiores absurdos que presenciamos no dia de hoje.
Do mesmo jeito que as pessoas desconfiam do pânico desproporcional da chamada classe média. Eu desconfio desses iconoclastas que teimam em dizer que a população não deveria ter ficado tão assustada com o ataque sistemático às autoridades de segurança pública.
Vamos refletir e ver que nada é tão puro assim quanto parece.
Falam da culpa dos boatos na disseminação do medo. é um equívoco. Boataria é comum nesses casos. Colocar a culpa disso nos boatos é um absurdo. A partir do momento que vc não consegue chegar ao trabalho por causa de uma ineficiência das autoridades em garantir a sua chegada a ele, está aí um bom motivo para entrar em pânico.
Não me venham com classe média, com reacionarismo, conservadorismo, esses lugares-comuns usados para desqualificar a perplexidade de todos. Houve motivo para pânico sim. O motivo não foi a violência, mas a descontinuidade de serviços essenciais de transporte que prejudicaram não só as áreas dos ataques, mas toda a cidade.
Há outros equívocos, como o de dizer que crime organizado se combate com programas sociais e com educação. Mas isso é assunto para outro dia.
Do mesmo jeito que as pessoas desconfiam do pânico desproporcional da chamada classe média. Eu desconfio desses iconoclastas que teimam em dizer que a população não deveria ter ficado tão assustada com o ataque sistemático às autoridades de segurança pública.
Vamos refletir e ver que nada é tão puro assim quanto parece.
Falam da culpa dos boatos na disseminação do medo. é um equívoco. Boataria é comum nesses casos. Colocar a culpa disso nos boatos é um absurdo. A partir do momento que vc não consegue chegar ao trabalho por causa de uma ineficiência das autoridades em garantir a sua chegada a ele, está aí um bom motivo para entrar em pânico.
Não me venham com classe média, com reacionarismo, conservadorismo, esses lugares-comuns usados para desqualificar a perplexidade de todos. Houve motivo para pânico sim. O motivo não foi a violência, mas a descontinuidade de serviços essenciais de transporte que prejudicaram não só as áreas dos ataques, mas toda a cidade.
Há outros equívocos, como o de dizer que crime organizado se combate com programas sociais e com educação. Mas isso é assunto para outro dia.
fabriquinha de comida
uUm amigo meu me levou num lugar que ele falava, onde havia uns salgadinhos muito bons e baratos, bastante frequentado pela juventude transviada de são paulo.
eu topei passar lá, e no caminho até o lugar ele me explicou que chamavam o point de "Fabriquinha de Comida".
dpois de ouvir esse nome eu mal podia mastigar direito a coxinha, muito boa por sinal, de tanto dar risada. Eu gargalhei dpois sobre isso por mais umas 3 horas, cada vez que eu lembrava do nome.
fabriquinha de comida é muito nada cool para o nome de um point em que se vai depois de baladas muito loucas na noite paulistana. Genial chamarem disso.
eu topei passar lá, e no caminho até o lugar ele me explicou que chamavam o point de "Fabriquinha de Comida".
dpois de ouvir esse nome eu mal podia mastigar direito a coxinha, muito boa por sinal, de tanto dar risada. Eu gargalhei dpois sobre isso por mais umas 3 horas, cada vez que eu lembrava do nome.
fabriquinha de comida é muito nada cool para o nome de um point em que se vai depois de baladas muito loucas na noite paulistana. Genial chamarem disso.
sobre a raiva e certos tipos humanos
Pô meu. Não escrevo há um tempo já.
São os testes, obrigações, etceteras da vida cotidiana.
Já falei aqui de uma raiva compressa de certos tipos de pessoas que tenho. às vezes me imagino dando uma marretada e amassando suas cabeças. Respondam rápido: isso é um traço histérico, neurastênico ou o quê?
mas vejam só, eu nunca conseguiria esmagar a cabeça de alguém, e a culpa é muito das minhas censuras pessoais, que bem ou mal, fazem-me um sujeito pacífico. Peço só para não subestimarem, no entanto, a força do pensamento.
É a única alternativa que tenho e que me evita de ser um louco. Loucura é o contrário do que se pensa.
Jung dizia para trazerem em seu consultório os sãos que ele os curaria. Loucos são os que vivem nesse mundo e não reclamam.
por fora, na vida prática, tento viver um equilíbrio para valer. dentro sou paradoxal. tenho meus paradoxos bem encaixadinhos uns com os outros e sempre tiro um da cabeça para enfiar minhocas na cabeça de alguém mais lúcido. aí falam-me as vezes que o que eu digo está errado, como se só eles, centro do mundo, soubessem disso. Alguns deles gostam de mim porque eu falo de meus próprios paradoxos e pensamentos, sem medo. Com essas pessoas eu sou tolerante.
Outras simplesmente não me entendem, ou me entendem de forma oposta. Estão num nivel de vegetação e pastagem que "dentro", não existe mais para elas. E quando dizem que existe, estão mentindo. São seres absolutamente absurdos. Não se curvam para nenhum mistério, usam a subjetividade que não têm para justificar posicionamentos pró superficialidade. Usam da subjetividade que não têm para dizer que sua superficialidade é, na verdade, profunda. Alienan-se de um conhecimento e da grandeza da humanidade de tal forma, que de humano neles não lhes resta nada. Não adianta que lhes expliquem, que lhes falem.
dá é vontade de vomitar-lhes insultos sem parar.
mas eu seria, nesse caso, legado ao ostracismo.
que sejam esmagadas suas cabeças, pois.
São os testes, obrigações, etceteras da vida cotidiana.
Já falei aqui de uma raiva compressa de certos tipos de pessoas que tenho. às vezes me imagino dando uma marretada e amassando suas cabeças. Respondam rápido: isso é um traço histérico, neurastênico ou o quê?
mas vejam só, eu nunca conseguiria esmagar a cabeça de alguém, e a culpa é muito das minhas censuras pessoais, que bem ou mal, fazem-me um sujeito pacífico. Peço só para não subestimarem, no entanto, a força do pensamento.
É a única alternativa que tenho e que me evita de ser um louco. Loucura é o contrário do que se pensa.
Jung dizia para trazerem em seu consultório os sãos que ele os curaria. Loucos são os que vivem nesse mundo e não reclamam.
por fora, na vida prática, tento viver um equilíbrio para valer. dentro sou paradoxal. tenho meus paradoxos bem encaixadinhos uns com os outros e sempre tiro um da cabeça para enfiar minhocas na cabeça de alguém mais lúcido. aí falam-me as vezes que o que eu digo está errado, como se só eles, centro do mundo, soubessem disso. Alguns deles gostam de mim porque eu falo de meus próprios paradoxos e pensamentos, sem medo. Com essas pessoas eu sou tolerante.
Outras simplesmente não me entendem, ou me entendem de forma oposta. Estão num nivel de vegetação e pastagem que "dentro", não existe mais para elas. E quando dizem que existe, estão mentindo. São seres absolutamente absurdos. Não se curvam para nenhum mistério, usam a subjetividade que não têm para justificar posicionamentos pró superficialidade. Usam da subjetividade que não têm para dizer que sua superficialidade é, na verdade, profunda. Alienan-se de um conhecimento e da grandeza da humanidade de tal forma, que de humano neles não lhes resta nada. Não adianta que lhes expliquem, que lhes falem.
dá é vontade de vomitar-lhes insultos sem parar.
mas eu seria, nesse caso, legado ao ostracismo.
que sejam esmagadas suas cabeças, pois.
Afirmações Incontestáveis
a frase, ou pergunta, mais pronunciada na cidade de Nova York é "Does it have to be kosher?".
Em São Paulo certamente a pergunta mais pronunciada é "Desce a Cardeal?".
Podem conferir. Qualquer situação cabe perguntar se algo desce ou não a Cardeal.
Em São Paulo certamente a pergunta mais pronunciada é "Desce a Cardeal?".
Podem conferir. Qualquer situação cabe perguntar se algo desce ou não a Cardeal.
o sábado e o domingo misturados.
Passei o dia de ontem com os amigos da "época" do colégio. São encontros marcados por nonsense e discussões bem interessantes. Os tenho como muito amigos, embora até se diga entre os antigos que a amizade verdadeira só possa existir entre indivíduos virtuosos.
***********
O domingo causa agradável repugnância com a constatação de que esses programas de TV afinal são ilhas de terra barata cercadas por mares vazios em todos os lados.
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O domingo causa agradável repugnância com a constatação de que esses programas de TV afinal são ilhas de terra barata cercadas por mares vazios em todos os lados.
discussão: crime organizado/ tráfico
irei reproduzir aqui umas das discussões que tive, aí vão alguns aspectos teóricos que eu uso para entender melhor esse problema no Brasil. Talvez pareçam um pouco jogados esses argumentos, mas é pq eles foram colocados numa longa discussão. com tréplicads, réplicas, etc.
I)
1)O crime é um produto da desigualdade social, mas o crime ORGANIZADO é resultado de uma permissividade nas leis, uma mistura de impunidade com má redação das leis mesmo. Por isso que o crime organizado existe no japão, na rússia, existia na itália. paises com boa distribuição de renda. Dizem mto das semelhanças entre a máfia russa e o crime organizado brasileiro.
2) o crime organizado tem braços políticos e articulações com o status quo, eles elegem representantes, tem lobbys por todo brasil. é um erro enxergá-los como fora da dinâmica do Estado. Eles SÃO o Estado, por isso preenchem funções de Estado, e não são substitutos do estado brasileiro, são parte dele.
3) A luta de classes tem vínculo direto com a dinâmica de conflito e resistência dos modos de produção. Se o PCC não é resistência, ou melhor é uma forma bastante corrompida de resistência pq se alia à braços políticos do crime, ligadas a lavagem de dinheiro, com contas bancárias em paraísos fiscais, então ele não tem a ver com luta de classes. Assim eu não estou dizendo que o crime comum não tenha a ver, ele tem, pq faz parte de um ciclo de exclusão, que nao necessariamente desagua no crime organizado, na verdade, ele desagua na maioria das vezes em movimentos sociais e na criminalidade comum não organizada.
a presença do Estado, com seu corpo de leis bem constituído deve coibir o uso ilegítimo da força por essas organizações, isso se quiser, se tudo já não estiver tão misturado com o crime, que seja impossivel essa empreitada.
II) na verdade chico, eu estou colocando outra perspectiva pro mesmo conjunto de evidências. Veja: se concebe-se o Estado como um corpo que deve servir antes de tudo o povo, o Estado brasileiro é bastante ineficaz, e portanto o crime organizado preenche essa lacuna deixada pelo Estado no sistema penitenciário.
O caso é que o Estado predominantemente não tem como finalidade o povo, principalmente o Estado Brasileiro. O Estado Brasileiro, predominantemente tem como sua finalidade principal a defesa da classe dominante e seus instrumentos de manutenção do estado de coisas. Não há como dizer que o Estado Brasileiro seja ineficaz nisso, dada a sustentação por décadas de uma insustentável desigualdade social.
O PCC então, é braço do Estado, de natureza igualmente opressora, e que sustenta, fora da cadeia esquemas de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, usando capital de "investidores" da tríplice fronteira, ou seja, elites. Sem contar que diminui os custos de manutenção dos presos, usando dessas ações que vc mencionou. O Estado se confunde com o crime, pq é criminoso. A diferença é que formalmente apenas, o Estado tem o uso da força legitimado pela população.O crime é necessário, sem dúvida. Mas ele não se opoe ao Estado.
O crime organizado sempre foi uma forma de ascenção social, está lá, nos filmes de mafiosos. No brasil ocorre é o contrário. O "administrador" do tráfico fica lá fodido (sic) , faz uns bailes funks e mais nada, enquanto que o cara que está atrás dele, o peixe grande que aplica no tráfico e em títulos do tesouro brasileiro, ele sim está lá fazendo festas na TV. Nem no tráfico há ascenção social.
* o crime surge num contexto de desigualdade, mas ele se organiza num contexto de permissividade. è um problema da Natureza do Estado, o seu corpo jurídico serve a outros interesses. Não há oposição CrimeXEstado. eles são aliados, é uma relação simbiótica, interdependente.normalmente ve-se o crime organizado como o sintoma de uma doença (sendo o Estado !ineficaz" e a desigualdade social a doença e a febre o crime organizado) eu não vejo dessa forma, como expliquei. O crime faz parte da doença. A febre é a desigualdade, o sintoma.
III) o crime organizado é um desenvolvimento desse mecanismo perverso de manutenção do status quo.
Como que o poder polítco vem depois do poder economico se eu estou dizendo que membros da elite "investem" seu capital em mecanismo de lavagem de dinheiro e trafico de drogas? Não esqueça da economia política, como o poder economico e o politico estao entrelaçados.
como eu explico que 50 anos antes nao havia crime organizado? ora ora, a tecnologia era outra meu amigo. Existiam outras formas mais adequadas à epoca. O jogo do bicho era uma delas (e nao subestime o tamanho da industria da contravenção no sec XX), agora , a população aumenta , a panela de pressão eh maior e cada vez mais se usam de metodos mais criminosos para conseguir manter o estado de coisas da classe dominante.
e "fazer políticas sociais" não tem a ver com o desmantelamento de uma organização criminosa. Ela tem a ver com o combate dos sintomas, a desigualdade. é como tomar aqueles remédios para gripe em que vc baixa a febre mas continua gripado.
Criminosos são o Estado e o PCC, eles tem que ser combatidos, primeiro mudando o corpo do Estado, sua estrutura legal, jurídica. aí sim estamos combatendo a doença.
IV) o jovem pobre é soldadinho, é alimento humano, escudo, sim ele é, é lixo para as elites. Isso só prova o quanto o crime organizado é opressor para esses jovens, embora coloquem minhocas em suas cabeças. mas vc quer matar o sistema de inanição??? quer esperar ele morrer de velho??? Garanto a você que sempre sobrará gente para servir o crime organizado, há milhoes de lixos, de escudos, sempre disponíveis para se sacrificarem por aquilo que é a sua própria perdição, e da sua classe. Por isso tem que mudar a lógica, não apenas os resultados da lógica. A lógica está fortemente ligada as caracteristicas do estado moderno brasileiro, com suas instituições normas, costumes. Pode-se diminuir a desigualdade de renda, e o crime organizado só se refinará como se refinou na rússia.
o tráfico é um mecanismo de manutenção sim. ele inclusive, no RJ mantêm a maior parte do tempo o morro quietinho lá, sem dar um pio. porque com 1,5 milhoes de pessoas morando em favela já era pra ter estourado faz tempo.
O fato de metralharem bancos faz parte do espetáculo, as fachadas tem seguro. As perdas não alteram a rentabiliadade que os bancos apresentam a esses mesmos investidores que colocam lá, ou em restaurantes, hoteis o dinheiro sujo do tráfico.
e mudar a estrutura jurídica não tem nada a ver com colocar leis repressivas. apenas colocar leis inteligentes. Um exemplo é a lei que define a possibilidade de isolamento de grandes chefes do tráfico em cadeias de segurança máxima. a idéia é inspirada na lei italiana que permite à policia isolar os chefoes da máfia até que de tão isolados eles percam a liderança, tornando a organização mais vulnerável, forçando uma reestruturação rápida que facilitaria os serviços de inteligencia policial na localização de nucleos criminosos. A lei italiana define que o preso deve ficar isolado por tempo indefinido, até que perca a liderança, mas a lei brasileira define o prazo de um ano , que não é suficiente para o cara perder totalmente a liderança do grupo. então acontece q a lei é ineficiente.uma outra lei por exemplo seria uma que restringisse o envio de dinheiro a paraisos fiscais.
I)
1)O crime é um produto da desigualdade social, mas o crime ORGANIZADO é resultado de uma permissividade nas leis, uma mistura de impunidade com má redação das leis mesmo. Por isso que o crime organizado existe no japão, na rússia, existia na itália. paises com boa distribuição de renda. Dizem mto das semelhanças entre a máfia russa e o crime organizado brasileiro.
2) o crime organizado tem braços políticos e articulações com o status quo, eles elegem representantes, tem lobbys por todo brasil. é um erro enxergá-los como fora da dinâmica do Estado. Eles SÃO o Estado, por isso preenchem funções de Estado, e não são substitutos do estado brasileiro, são parte dele.
3) A luta de classes tem vínculo direto com a dinâmica de conflito e resistência dos modos de produção. Se o PCC não é resistência, ou melhor é uma forma bastante corrompida de resistência pq se alia à braços políticos do crime, ligadas a lavagem de dinheiro, com contas bancárias em paraísos fiscais, então ele não tem a ver com luta de classes. Assim eu não estou dizendo que o crime comum não tenha a ver, ele tem, pq faz parte de um ciclo de exclusão, que nao necessariamente desagua no crime organizado, na verdade, ele desagua na maioria das vezes em movimentos sociais e na criminalidade comum não organizada.
a presença do Estado, com seu corpo de leis bem constituído deve coibir o uso ilegítimo da força por essas organizações, isso se quiser, se tudo já não estiver tão misturado com o crime, que seja impossivel essa empreitada.
II) na verdade chico, eu estou colocando outra perspectiva pro mesmo conjunto de evidências. Veja: se concebe-se o Estado como um corpo que deve servir antes de tudo o povo, o Estado brasileiro é bastante ineficaz, e portanto o crime organizado preenche essa lacuna deixada pelo Estado no sistema penitenciário.
O caso é que o Estado predominantemente não tem como finalidade o povo, principalmente o Estado Brasileiro. O Estado Brasileiro, predominantemente tem como sua finalidade principal a defesa da classe dominante e seus instrumentos de manutenção do estado de coisas. Não há como dizer que o Estado Brasileiro seja ineficaz nisso, dada a sustentação por décadas de uma insustentável desigualdade social.
O PCC então, é braço do Estado, de natureza igualmente opressora, e que sustenta, fora da cadeia esquemas de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, usando capital de "investidores" da tríplice fronteira, ou seja, elites. Sem contar que diminui os custos de manutenção dos presos, usando dessas ações que vc mencionou. O Estado se confunde com o crime, pq é criminoso. A diferença é que formalmente apenas, o Estado tem o uso da força legitimado pela população.O crime é necessário, sem dúvida. Mas ele não se opoe ao Estado.
O crime organizado sempre foi uma forma de ascenção social, está lá, nos filmes de mafiosos. No brasil ocorre é o contrário. O "administrador" do tráfico fica lá fodido (sic) , faz uns bailes funks e mais nada, enquanto que o cara que está atrás dele, o peixe grande que aplica no tráfico e em títulos do tesouro brasileiro, ele sim está lá fazendo festas na TV. Nem no tráfico há ascenção social.
* o crime surge num contexto de desigualdade, mas ele se organiza num contexto de permissividade. è um problema da Natureza do Estado, o seu corpo jurídico serve a outros interesses. Não há oposição CrimeXEstado. eles são aliados, é uma relação simbiótica, interdependente.normalmente ve-se o crime organizado como o sintoma de uma doença (sendo o Estado !ineficaz" e a desigualdade social a doença e a febre o crime organizado) eu não vejo dessa forma, como expliquei. O crime faz parte da doença. A febre é a desigualdade, o sintoma.
III) o crime organizado é um desenvolvimento desse mecanismo perverso de manutenção do status quo.
Como que o poder polítco vem depois do poder economico se eu estou dizendo que membros da elite "investem" seu capital em mecanismo de lavagem de dinheiro e trafico de drogas? Não esqueça da economia política, como o poder economico e o politico estao entrelaçados.
como eu explico que 50 anos antes nao havia crime organizado? ora ora, a tecnologia era outra meu amigo. Existiam outras formas mais adequadas à epoca. O jogo do bicho era uma delas (e nao subestime o tamanho da industria da contravenção no sec XX), agora , a população aumenta , a panela de pressão eh maior e cada vez mais se usam de metodos mais criminosos para conseguir manter o estado de coisas da classe dominante.
e "fazer políticas sociais" não tem a ver com o desmantelamento de uma organização criminosa. Ela tem a ver com o combate dos sintomas, a desigualdade. é como tomar aqueles remédios para gripe em que vc baixa a febre mas continua gripado.
Criminosos são o Estado e o PCC, eles tem que ser combatidos, primeiro mudando o corpo do Estado, sua estrutura legal, jurídica. aí sim estamos combatendo a doença.
IV) o jovem pobre é soldadinho, é alimento humano, escudo, sim ele é, é lixo para as elites. Isso só prova o quanto o crime organizado é opressor para esses jovens, embora coloquem minhocas em suas cabeças. mas vc quer matar o sistema de inanição??? quer esperar ele morrer de velho??? Garanto a você que sempre sobrará gente para servir o crime organizado, há milhoes de lixos, de escudos, sempre disponíveis para se sacrificarem por aquilo que é a sua própria perdição, e da sua classe. Por isso tem que mudar a lógica, não apenas os resultados da lógica. A lógica está fortemente ligada as caracteristicas do estado moderno brasileiro, com suas instituições normas, costumes. Pode-se diminuir a desigualdade de renda, e o crime organizado só se refinará como se refinou na rússia.
o tráfico é um mecanismo de manutenção sim. ele inclusive, no RJ mantêm a maior parte do tempo o morro quietinho lá, sem dar um pio. porque com 1,5 milhoes de pessoas morando em favela já era pra ter estourado faz tempo.
O fato de metralharem bancos faz parte do espetáculo, as fachadas tem seguro. As perdas não alteram a rentabiliadade que os bancos apresentam a esses mesmos investidores que colocam lá, ou em restaurantes, hoteis o dinheiro sujo do tráfico.
e mudar a estrutura jurídica não tem nada a ver com colocar leis repressivas. apenas colocar leis inteligentes. Um exemplo é a lei que define a possibilidade de isolamento de grandes chefes do tráfico em cadeias de segurança máxima. a idéia é inspirada na lei italiana que permite à policia isolar os chefoes da máfia até que de tão isolados eles percam a liderança, tornando a organização mais vulnerável, forçando uma reestruturação rápida que facilitaria os serviços de inteligencia policial na localização de nucleos criminosos. A lei italiana define que o preso deve ficar isolado por tempo indefinido, até que perca a liderança, mas a lei brasileira define o prazo de um ano , que não é suficiente para o cara perder totalmente a liderança do grupo. então acontece q a lei é ineficiente.uma outra lei por exemplo seria uma que restringisse o envio de dinheiro a paraisos fiscais.
Não há tempo para escrever.
para escrever não há tempo
não que falte as horas do dia
não que não viva a vida lento
mas é essa eterna noite fria
não que falte as horas do dia
não que não viva a vida lento
mas é essa eterna noite fria
demasiadamente complicado.
Chamar alguém para sair é tarefa nebulosa. Do momento em que vc vê ela como normal para aquele em que vc eleva a imagem dela e engana a si próprio, por motivos razoáveis ou não, tudo muda e torna-se mais dificil. São tantas as variáveis que interferem nisso que se alguém compreende essa totalidade complexa, está preparado para entender todo o resto das coisas inteligíveis do planeta. Em outras palavras, não tem muito jeito não, tem que ter sorte e muito estômago.
Por isso que eu clamo por ter acertado em algumas apostas e ter falado as palavras certas. Isso aprumado, já é meio caminho para afastar-me da temida solidão de nossos dias.
Por isso que eu clamo por ter acertado em algumas apostas e ter falado as palavras certas. Isso aprumado, já é meio caminho para afastar-me da temida solidão de nossos dias.
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