Saturday, August 11, 2007

O sabor da vida

O sabor da vida fica nas pequenas coisas. Mentira. Embora o sabor resida na triviialidade da vida, nos seu aspectos comuns a todos os seres humanos, o trivial precisa do grande.

A vida se mede em quilômetros, em décadas, em oceanos percorridos, em monstros mortos com uma espada enfiada no pescoço. Nós é que por vezes nos iludimos dizendo que não ifaz mal não realizarmos nada de importante, não povoarmos américas, não desafiar o papa, não enfrentar filas enormes de supermercado.
Mas como fazer tudo isso vivendo numa ambigüidade e numa alternância terrível entre a mesquinharia e a impotência? Se não nos julgamos capazes de fazer tudo isso de livre vontade?
Com alguma sorte seremos condenados ao degredo em alguma ilha selvagem, e sendo obrigados a sozinhos fundar um Estado, aprendamos talvez alguma coisa. Aí sim, se é grande sem querer, grande como se deve ser, e se tem uma vida propriamente dta.

Se o sabor da vida ficasse nas pequenas coisas, elas por si me satisfariam, me cansariam, tomariam conta de toda minha existência. Ao contrário, elas me fazem escasso, saudoso. Portanto só posso concluir que só é completo o que é grande, e só é grande o que é de todos, comum, é verdade, mas além de ser permitido a todos falta ainda uma martelada na cabeça, um sacrifício, uma luta. Algo que engrandece o mais vulgar dos objetivos a qualquer homem.