Tenho uma teoria que diz que para o brasileiro, expectativa, desejo e promessa se confundem. São uma coisa só.
Quer dizer que sempre quando emitimos uma opinião sobre como será o futuro, estamos dizendo ao mesmo tempo: eu espero que seja assim, eu desejo que seja assim, eu prometo que assim será.
É ilustrativo de nossa personalidade megalomaníaca. Quando algo não sai como esperado, nos sentimos tristes como se fossemos responsáveis pelo futuro. Mas não responsáveis individualmente, porque não faz o menor sentido pensar dessa maneira (e os americanos assim o fazem), responsáveis como um povo. Ao dizermos "eu prometo", somos porta-vozes.
Somos uma população de 188 milhões de tarólogos em serviço. O tarólogo fala pelo seu chefe, pelo seu cachorro, pela sua ex-namorada.
Ainda não perdemos o costume que outros povos já perderam de falar em nome de todos. Dizem-nos: "mas você não mora na favela, como sabe o que os moradores da favela pensam?", "você não está na política, como sabe o que os políticos pensam?", "você não é fã de calypso...", "você não assiste TV a tarde..." e por aí vai.
Talvez seja a hora de pararmos com as leviandades sobre o futuro, sobre nós, é bastante desonesto.
E eu ironicamente venho propor isso apoiado numa teoria absolutamente generalizante sobre o povo brasileiro.
Sunday, February 04, 2007
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1 comment:
Enquanto eu estava lendo o texto eu pensei a mesma coisa que você colocou na última frase...
O texto é muito bom... como a grande maioria dos seus.
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