Wednesday, March 21, 2007

Sabedoria dos Outros

Estando eu algum tempo sem dormir, creio que minhas virtudes cerebrais vão se esvaindo.
Logo darei espaço a quem sabe mais. Duas coisas. O primeiro trecho é o poema famosíssimo de Augusto dos Anjos, "versos íntimos", que embora retratem aquele momento realmente ínitmo em que nós descremos do homem por completo, (camões até tem versos sobre isso, chama-se "ao desconcerto do mundo" deve haver alguma permanência desse sentimento ao longo da história. O outro trecho de Norberto Bobbio, capta muito bem a figura de Kant, quando se põe a falar da evolução moral do homem, creio que na metafísica dos costumes. Seria uma possível resposta kantiana a essa nossa postura descrente frente ao, parafraseando Camões, desconcerto do mundo e dos homens?

Cabe colocar os dois trechos um após o outro para dar um efeito. Como se pode ver, os versos de augusto dos anjos reportam para uma dimensão individual, (por isso particular), mas por vezes essas noções migram para o plano da atuação política, e ao sentido que damos à história, que é mais o objeto do trecho de Bobbio escolhido por mim. Um dia vou brincar com esse poema do augusto dos anjos. Ando concordando demais com ele, mas apenas no plano particular, felizmente:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

E Bobbio, Kant:

"Comecei com Kant. Concluo com Kant. O progresso, para ele, não era necessário. Era apenas possível. Ele criticava os "políticos" por não terem confiança na virtude e na força da motivação moral, bem como por viverem repetindo que "o mundo foi sempre assim como vemos hoje". Kant comentava que, com essa atitude, tais "políticos" faziam com que o objeto de sua previsão - ou seja, a imobilidade e a monótona repetitividade da história - se realizasse efetivamente. Desse modo, retardavam propositalmente os meios que poderiam assegurar o progresso para melhor.
Com relação às grandes aspirações dos homens de boa vontade, já estamos demasiadamente atrasados. busquemos não aumentar esse atraso com nossa incredulidade, com nossa indolência, com nosso ceticismo. Não temos muito tempo a perder"

1 comment:

A Esquesita said...

Nossa, ficou bem legal e com bastante lógica colocados em seqüência!
Legal!