Não sei se alguém viu ou vê regularmente o programa Manhattan Connection, no canal GNT. Eu fui citado bem por cima na hora que eles falam dos e-mails dos telespectadores.
É que eu sou favorável às cotas universitárias para negros, e quando normalmente esse debate aparece na TV, nunca colocam o outro lado. Como num jornal nacional em que, numa reportagem especial sobre o assunto, se mostrou um professor universitário contrário e nenhum favorável.
Desta vez eu tratei de escrever um e-mail, mais ou menos objetivo, contestando alguns dos argumentos que eles apresentaram. Minha posição em relação às cotas não é reflexo de nenhum esquerdismo idiota que eu possa eventualmente, sem querer, ter.
Na verdade, após refletir bastante, e como sou interessado pelo tema da educação, ter pesquisado, feito uns trabalhos, e lido um desses estudos publicados pelo núcleo de consciência negra (creio que seja esse o nome) da universidade de são paulo, conclui que não há evidências suficientes para acreditarmos nas consequências negativas das ações afirmativas. Ao contrário, elas podem ser eficazes e importantes para a promoção de uma igualdade de fato, que vai além do simples multiculturalismo, desde que aplicadas com propriedade.
Para acabarmos com o racismo no Brasil, há alguns caminhos possíveis. Ações afirmativas são razoáveis pois podem acelerar esse processo, sem escorregar em nenhum tipo de medida paleativa.
Outro dia exporei meus argumentos que podem provar isso.
Nesse programa, a posição contra o sistema de cotas foi unânime. Mas acredito que pensem assim mais pelo dever que acham que têm de tripudiar em cima dos liberais esquerdistas (corretíssimo o tom da crítica) do que por convicção sincera.
E essa convicção sincera poderia ser apenas a manifestação de um medo danado de perder privilégios. Menos mal.
Monday, August 28, 2006
Friday, August 25, 2006
poemas de amor
Escrevi um poema que falo sobre a vontade de escrever um poema de amor.
Eu não o coloco aqui pq acho q ele não está pronto.
Além do mais. Poemas de amor são mais perigosos para o indivíduo que drogas pesadas e carros sem freios. Faça um poema de amor e perca-se.
Vi amigos que andam fazendo isso inescrupulosamente. Tenho que falar para eles tomarem cuidado.
Uma hora estamos sentados pensando em mergulhar numa subjetividade, a busca de um sentimento verdadeiro, depois estamos nos entregando, e depois nos sacrificando. É tudo uma questão de estágios. Há pessoas habilidosas em parar no primeiro, e esses são os bons poetas apenas. Os que param na segunda fase são bons amantes. Os que vão até a terceira são idiotas ou os Salvadores que nossa sociedade precisa.
Sei que é clichê pensar os sofredores como Salvadores. Mas confessem que existe algo de muito heróico em levar pancadas na cabeça.
Eu não o coloco aqui pq acho q ele não está pronto.
Além do mais. Poemas de amor são mais perigosos para o indivíduo que drogas pesadas e carros sem freios. Faça um poema de amor e perca-se.
Vi amigos que andam fazendo isso inescrupulosamente. Tenho que falar para eles tomarem cuidado.
Uma hora estamos sentados pensando em mergulhar numa subjetividade, a busca de um sentimento verdadeiro, depois estamos nos entregando, e depois nos sacrificando. É tudo uma questão de estágios. Há pessoas habilidosas em parar no primeiro, e esses são os bons poetas apenas. Os que param na segunda fase são bons amantes. Os que vão até a terceira são idiotas ou os Salvadores que nossa sociedade precisa.
Sei que é clichê pensar os sofredores como Salvadores. Mas confessem que existe algo de muito heróico em levar pancadas na cabeça.
Saturday, August 19, 2006
O cansaço.
Cansaço pega agente de jeito. Num minuto parece que estamos revitalizados porque dormimos longas horas, mas no fim não é isso. No fim é alguma coisa que andamos fazendo estruturalmente na nossa vida que não bate com nossa regulagem corporal e mental.
Pode ser uma rotina tolerável mas errática, dessas em que uma hora se faz uma coisa, se descansa, e duas horas depois se retoma, e retoma, não em um dia, pois isso seria a rotina em si, mas em pequenas frações do dia.
Pode ser a não resolução de algo que já deveria estar resolvido. Isso é desgastante.
Pode ser uma intranquilidade nossa para dormir, para deitar e assistir TV, para comer. A intranquilidade não é advinda do cansaço, como alguém poderia pensar. é a causa, não o efeito. Kant dizia que em muitas das relações causalidade, a causa e o efeito são simultâneas e portanto, não se pode dizer que objetivamente: isso causou aquilo. (é o caso). entretanto, a causa e o efeito, embora simultâneos, são determinávels quanto ao tempo intuitivamente, de modo que o que vem antes é sempre causa, e o que vem depois, efeito. Assim, o cansaço é sempre efeito já que intuitivamente na linha do tempo ele vem sempre depois.
Além disso e em suma, ficar cansado tem sempre a ver com o não encerramento dos fatos, ou das tarefas.
e não, como pensam, com o término de muitíssimas tarefas uma atrás da outra. Penso eu.
Pode ser uma rotina tolerável mas errática, dessas em que uma hora se faz uma coisa, se descansa, e duas horas depois se retoma, e retoma, não em um dia, pois isso seria a rotina em si, mas em pequenas frações do dia.
Pode ser a não resolução de algo que já deveria estar resolvido. Isso é desgastante.
Pode ser uma intranquilidade nossa para dormir, para deitar e assistir TV, para comer. A intranquilidade não é advinda do cansaço, como alguém poderia pensar. é a causa, não o efeito. Kant dizia que em muitas das relações causalidade, a causa e o efeito são simultâneas e portanto, não se pode dizer que objetivamente: isso causou aquilo. (é o caso). entretanto, a causa e o efeito, embora simultâneos, são determinávels quanto ao tempo intuitivamente, de modo que o que vem antes é sempre causa, e o que vem depois, efeito. Assim, o cansaço é sempre efeito já que intuitivamente na linha do tempo ele vem sempre depois.
Além disso e em suma, ficar cansado tem sempre a ver com o não encerramento dos fatos, ou das tarefas.
e não, como pensam, com o término de muitíssimas tarefas uma atrás da outra. Penso eu.
Tuesday, August 08, 2006
apresentações
Estou esperando dar o tempo do rodízio para eu poder sair de carro. Aproveitarei para escrever.
Tenho uma matéria vazia na faculdade. Comunicações. Temos que aprender lá a falar em público e redigir relatórios, ofícios. Nas primeiras aulas temos que nos apresentar para a classe.
estava pensando aqui comigo como eu vou me apresentar, tenho a suspeita de que quando eu for lá na frente eu seja motivo de risada geral, afinal, vou acabar falando que gosto de filosofia, o q eu não é lá hobby muito popular. Vou ter que dizer também que escrevo, que sou vocalista de uma banda de ska. vou ter q explicar isso.
Sei que na hora, como eu sou metido a falar coisas esdrúxulas, vou acabar por cair no ridículaoque me arrependerei depois.
é que parece tão legal imaginado na cuca... falar de assuntos impróprios, paradoxais e confusos, às vezes sem sentido . Não tem jeito, vou acabar dizendo.
Essa disciplina é bem odiável. descobri num teste de português hoje que ainda erro. constatação que, em qualquer situação tirando quando eu desconfio se sou uma máquina, é ruim.
De resto sinto-me um pouco abandonado por todos. de resto não, por inteiro. O abandono é a condição inicial para a realidade e a delimitação de nós mesmos. Aos poucos vou recolocando meus pés no chão e sentindo-o gelado.
escrevi há duas semanas atrás um poema. por um momento pensei em coloca-lo aqui, porém sei que ele ainda não está pronto, então é melhor deixar o tempo.
andando na rua, imaginando...
(tive a idéia de uma história em que um roteirista ávido por desvendar os problemas dos lares e das donas de casa brasileiras idealiza uma versão brasileira de desperate housewifes, num tom de crítica social. Por fim , descobre que american dream não combina no Brasil, quanto mais a falência do american dream, e que um seriado desse nunca daria certo, porque as donas de casa não escondem nada, são aquilo e ninguém estaria disposto a questionar)
ai surgiu a frase: "a beleza americana brasileira nunca existirá. a beleza brasileira americana, sim".
melhor parar.
Tenho uma matéria vazia na faculdade. Comunicações. Temos que aprender lá a falar em público e redigir relatórios, ofícios. Nas primeiras aulas temos que nos apresentar para a classe.
estava pensando aqui comigo como eu vou me apresentar, tenho a suspeita de que quando eu for lá na frente eu seja motivo de risada geral, afinal, vou acabar falando que gosto de filosofia, o q eu não é lá hobby muito popular. Vou ter que dizer também que escrevo, que sou vocalista de uma banda de ska. vou ter q explicar isso.
Sei que na hora, como eu sou metido a falar coisas esdrúxulas, vou acabar por cair no ridículaoque me arrependerei depois.
é que parece tão legal imaginado na cuca... falar de assuntos impróprios, paradoxais e confusos, às vezes sem sentido . Não tem jeito, vou acabar dizendo.
Essa disciplina é bem odiável. descobri num teste de português hoje que ainda erro. constatação que, em qualquer situação tirando quando eu desconfio se sou uma máquina, é ruim.
De resto sinto-me um pouco abandonado por todos. de resto não, por inteiro. O abandono é a condição inicial para a realidade e a delimitação de nós mesmos. Aos poucos vou recolocando meus pés no chão e sentindo-o gelado.
escrevi há duas semanas atrás um poema. por um momento pensei em coloca-lo aqui, porém sei que ele ainda não está pronto, então é melhor deixar o tempo.
andando na rua, imaginando...
(tive a idéia de uma história em que um roteirista ávido por desvendar os problemas dos lares e das donas de casa brasileiras idealiza uma versão brasileira de desperate housewifes, num tom de crítica social. Por fim , descobre que american dream não combina no Brasil, quanto mais a falência do american dream, e que um seriado desse nunca daria certo, porque as donas de casa não escondem nada, são aquilo e ninguém estaria disposto a questionar)
ai surgiu a frase: "a beleza americana brasileira nunca existirá. a beleza brasileira americana, sim".
melhor parar.
Saturday, August 05, 2006
Sétimo dia Afro
Minha avó falecera há uma semana e meu pai, ainda muito abalado pela morte repentina e pela série de resoluções burocráticas que tivera que tomar, como escolher caixão, as flores, optar por um ou outro procedimento de maquiagem do defunto para tirar expressões de dor, me avisou da missa de sétimo dia que havia marcado, na igreja de Bom jesus dos Passos, la na freguesia do Ó pertinho de onde moram meus avós. Era às vinte horas.
Todos nós da família nos agrupamos para irmos juntos à missa rezar pela perda nossa, celebrar a morte, que faz parte da vida e existe apesar de todas as bobagens não importantes que nos alegra ou nos entristece também. Fomos em dois carros, estacionamos num antigo parque de diversões que virara um estacionamento bem dos fuleiros. Chegamos à porta da igreja a qual possuia uma torre desproporcionalmente alta, um pouco feia.
A Igreja estava lotada numa sexta à noite, fato incomum. As igrejas vêm esvaziando com o tempo. Tem a ver com a dessacralização do mundo. Mas este dia ela estava surpreendentemente alegre, cheia, viva. Pareceu-me, por um instante, que aquela era uma homenagem singela, descompromissada à minha avó, que de todos os anos que vivera, talvez nenhum deles tenha feito uma reclamação sequer da sua vida, e tenha passado toda sua vida vivendo para os outros.
Notei algo de diferente no figurino das pessoas. Umas túnicas, uns turbantes, de estilo africano. Davam um colorido entusiasmante àquela missa de sétimo dia. Quê que há?. A comentarista da missa foi ao púlpito e proclamou: "Muito axé a todos! Nesse dia lindo da nossa missa afro para a comunidade negra!". Meus pais e avós se entreolhavam, e ela continuava. "Vamos festejar a nossa cultura, nossa identidade!". Cheguei perto de minha mãe e perguntei: "na hora de marcar a missa alguém avisou que a missa iria ser especial para a comunidade negra? E assim com esses batuques alto astral?". Chegavam os padres com a procissão de entrada, todos não só padres, mas verdadeiras autoridades na igreja católica, representantes das lutas pelos direitos negros. Minha mãe respondeu que não, que ninguem havia dito nada. Se não ninguém iria marcar uma missa de sétimo dia numa celebração com cavaquinhos, batuques, coral, músicas em dialetos africanos.
Foi um desencontro, isso com certeza. Um desencontro não só de pessoas (pois minha família estava lá com um propósito totalmente diferente), mas de sentimentos, de pensamentos, de momentos, deus! Todo o desencontro numa só compressa dimensão, espaço e tempo. Alegria e dor.
O padre dançava. Dizia no sermão que acreditava num deus que canta e dança. Assim como Nietzche, pensei. Sinceramente não soube o que sentir. Só sei que vivi aquela hora, hora e meia, e não achei desrespeito. Senti-me numa comédia verdadeira. Não tinha nenhuma probabilidade da missa de sétimo dia da minha vó ser uma missa afro.
Pensei depois em casa e tentei achar algo de providencial que justificasse o engano, mais pela distração que tenho de procurar essas razões. E enquanto pensava, quis que aquilo fosse uma forma de minha avó, que sempre pensou em agradar os outros e não a ela, ceder de novo a sua vez, o seu espaço.
Oxalá.
(é fato verdadeiro.)
Todos nós da família nos agrupamos para irmos juntos à missa rezar pela perda nossa, celebrar a morte, que faz parte da vida e existe apesar de todas as bobagens não importantes que nos alegra ou nos entristece também. Fomos em dois carros, estacionamos num antigo parque de diversões que virara um estacionamento bem dos fuleiros. Chegamos à porta da igreja a qual possuia uma torre desproporcionalmente alta, um pouco feia.
A Igreja estava lotada numa sexta à noite, fato incomum. As igrejas vêm esvaziando com o tempo. Tem a ver com a dessacralização do mundo. Mas este dia ela estava surpreendentemente alegre, cheia, viva. Pareceu-me, por um instante, que aquela era uma homenagem singela, descompromissada à minha avó, que de todos os anos que vivera, talvez nenhum deles tenha feito uma reclamação sequer da sua vida, e tenha passado toda sua vida vivendo para os outros.
Notei algo de diferente no figurino das pessoas. Umas túnicas, uns turbantes, de estilo africano. Davam um colorido entusiasmante àquela missa de sétimo dia. Quê que há?. A comentarista da missa foi ao púlpito e proclamou: "Muito axé a todos! Nesse dia lindo da nossa missa afro para a comunidade negra!". Meus pais e avós se entreolhavam, e ela continuava. "Vamos festejar a nossa cultura, nossa identidade!". Cheguei perto de minha mãe e perguntei: "na hora de marcar a missa alguém avisou que a missa iria ser especial para a comunidade negra? E assim com esses batuques alto astral?". Chegavam os padres com a procissão de entrada, todos não só padres, mas verdadeiras autoridades na igreja católica, representantes das lutas pelos direitos negros. Minha mãe respondeu que não, que ninguem havia dito nada. Se não ninguém iria marcar uma missa de sétimo dia numa celebração com cavaquinhos, batuques, coral, músicas em dialetos africanos.
Foi um desencontro, isso com certeza. Um desencontro não só de pessoas (pois minha família estava lá com um propósito totalmente diferente), mas de sentimentos, de pensamentos, de momentos, deus! Todo o desencontro numa só compressa dimensão, espaço e tempo. Alegria e dor.
O padre dançava. Dizia no sermão que acreditava num deus que canta e dança. Assim como Nietzche, pensei. Sinceramente não soube o que sentir. Só sei que vivi aquela hora, hora e meia, e não achei desrespeito. Senti-me numa comédia verdadeira. Não tinha nenhuma probabilidade da missa de sétimo dia da minha vó ser uma missa afro.
Pensei depois em casa e tentei achar algo de providencial que justificasse o engano, mais pela distração que tenho de procurar essas razões. E enquanto pensava, quis que aquilo fosse uma forma de minha avó, que sempre pensou em agradar os outros e não a ela, ceder de novo a sua vez, o seu espaço.
Oxalá.
(é fato verdadeiro.)
Subscribe to:
Posts (Atom)